Você certamente conhece os períodos literários denominados de Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismos… Modernismo, Pós-modernismo. Todos nós tivemos/temos que estudá-los na escola.
Aqui cabe uma observação quanto ao ensino de literatura nas escolas brasileiras.
Estudiosos apontam que a deficiência no ensino de literatura no Brasil ocorre, principalmente, porque a escola e, até mesmo a universidade, ainda trabalham em uma perspectiva histórica. Ou seja, não se faz leitura das obras literárias, mas sim o estudo dos períodos literários, das características da obra e a biografia do autor. Critica feita (não vou me estender nessa questão). Voltemos a falar de períodos literários.
Hoje eu vou falar de um período denominado Pulp Era. Talvez você não o conheça, pois aqui na Brasil não teve grande repercussão. No entanto, nos Estados Unidos e na Europa houve um período efervescência, resultando em produção de histórias de terror e fantasia acessíveis às massas.
Eu falei em terror e fantasia agora você já sabe mais ou menos do que se trata o Pulp Era. Mas eu vou explicar melhor.
Pulp Era – também chamada de Pulp Fiction– surge por volta dos anos 20 e 40 do século XX, em que há uma intensa produção e consumo de histórias de terror e de fantasia.
A Pulp Fiction que teve como público as massas populares. E há uma explicação para isso. Ela era produzida em revistas e livros populares, publicados em papel barato, de baixo custo. Dai vem o nome pulp, que significa “polpa” em inglês, em referência ao tipo de papel utilizado para produzir tais revistas.
Além do baixo custo de produção, há ainda outros motivos para o consumo intenso. Um deles eram as capas, que continuam ilustrações apelativas. Além disso, as histórias eram igualmente apelativas e chocantes, que visavam prender o leitor até a última página.
E quais as características dessa literatura?
Ela tinha tudo para cair no gosto popular, pois a trama principal, geralmente, era desenvolvida ao redor de um acontecimento trágico, que em algum ponto iria sofrer uma reviravolta ainda mais terrível, até terminar com um final surpreendente.
O universo das tramas não era complexo. Não havia maiores preocupações em descrever espaços ou tempos narrativos ou em construir personagens complexas e profundas. O objetivo era mesmo chocar e, muitas das vezes, assustar.
E quais eram os temas das Pulp Eras?
Talvez você perceba, na resposta, uma relação direta com obras que você tem lido ultimamente. No universo das Pulp Fiction havia:
- Monstros do espaço sideral;
- Mortos que retornam à vida;
- A ciência, que na época era vista como algo desconhecido e, potencialmente, assustador;
- Maldições, dramas familiares, bruxaria, animais elevados à condição de seres humanos, super bactérias etc.
E quais os autores que se dedicaram a escrever essa literatura
Qualquer semelhança entre Pulp Fiction e as histórias que lemos hoje em dia não é mera coincidência.
Muitos dos autores que são referências da ficção científica beberam na fonte da Pulp Era, como Isaac Asimov – Eu, Robô (1950); Ray Bradbury – Fahrenheit 451; Robert A. Heinlein – O dia depois de amanhã; Fritz Leiber, entre outros.
Estudiosos apontam Stanley G. Weinbaum como o principal autor desse período, cujas histórias eram frequentemente ambientadas em outros planetas do Sistema Solar. Sua obra mais citada é o conto “A Martian Odyssey”, (1934), no Brasil foi publicado como Uma odisseia marciana, na coletânea de Ficção Polpa, da Não Editora.
E aí, o que você acha desse gênero literário? Já o conhecia? Claro, conhecemos os livros, mas nem sempre sabemos o contexto literário por trás deles. Devo dizer que sou alucinada por tudo isso. Estudar as obras, o universo das tramas, o contexto social e cultural que proporcionou o surgimento desse gênero. Tudo me encanta.
Referências
* Todas as imagens são do Google
CAUSO, Roberto de Sousa. Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil. Minas Gerais: UFMG, 2003.
QUEIROZ, A. C. S. Ecos da Pulp era no Brasil: “O monstro e outros contos”, de Humberto de Campos. Disponível em: https://sobreomedo.wordpress.com/.
1 comente
Oi menina,
estou com 86, vésperas de 87. E com pressa de publicar o meu ” A época clássica das revistas de emoções no Brasil”. Reza para eu publicar. Minha coleção é a maior do Brasil. Que eu saiba.
Um abraço.
Athos