Resenhar livros que trazem contos é um desafio, pelo menos para mim. Acho que o ideal é falarmos de cada um dos contos. No entanto, uma resenha assim ficaria enorme e isso não é inviável para esse momento. Então, para falar de O Príncipe de Westeros e outras histórias decidi fazer um recorte. Hoje, falarei do livro como um todo e depois centrarei minha atenção em apenas um dos contos. Depois resenharei os outros contos, um por semana.
O Príncipe de Westeros e outras histórias é uma antologia que reúne 10 contos: Como o Marquês recuperou seu casaco; Providência; Qual a sua profissão; Um jeito melhor de morrer; Um ano e um dia na velha Theradane; A caravana para lugar nenhum; Galho envergado; A árvore reluzente; Em cartaz; O príncipe de Westeros e outras histórias.
Tem ainda a introdução, produzido pelo próprio Georgio R. R. Martin. Cada conto um autor deferente. Com autores de peso como, Neil Gaiman, Gillian Flynn, Patrick Rothfuss.
Na introdução Martin pontua o que vamos encontrar nos contos. A proposta que foi feita para os autores foi que eles produzissem contos com protagonistas canalhas, não importando o gênero. E Martin explica o porquê da proposta, bem como sua predileção por personagens canalhas. Ele diz que seus personagens preferidos são aqueles que estão em uma zona cinzenta. E que estes são mais interessantes do que personagens que são totalmente do mal ou totalmente bonzinhos (Eu concordo totalmente com ele).
Martin apresenta uma relação de personagens, em vários gêneros e subgêneros, famosos por suas características canalhas, cinzentas.
Bom, agora o leitor já sabe que todos os contos vão trazer protagonistas canalhas, dúbios, feitos de luz e escuridão, em que o bem e o mal não tem uma divisão tão nítida assim.
Eu como fã de As Crônicas de Gelo e fogo, não teria como resenha outro conto se não O príncipe de Westeros ou O irmão do rei, de George R. R. Martin.

O príncipe é nada mais nada menos que Daemon Targaryen. Um canalha de marca maior. Daemon tinha aspiração ao Trono de Ferro, mas nunca chegou lá. Conhecer a vida do Príncipe é importante para compreendemos o acontecimento nomeado de à Dança dos Dragões. O próprio narrador do conto diz que ler O príncipe de Westeros ou O irmão do rei é imprescindível para entendermos os fatos de antes de depois que estão ligados a Dança dos Dragões.
Como um bom canalha, Daemon levava uma vida desregrada, em bebedeiras, na companhia de prostitutas. No entanto, era um ótimo cavaleiro, casou-se com a Senhora de Pedrarruma, mas não foi bem sucedido o matrimônio.
Tentou desempenhar as funções de Mão do Rei, de Comandante da Vigilância da Cidade e Mestre da Moeda, porém não ficou muito tempo nos cargos.
Daemon considerava-se herdeiro legitimo do Trono de Ferro, já que o rei não tinha um filho e a esposa já havia falecido e não o deu um herdeiro. No entanto, seu irmão, o rei Viserys I, declarou a filha Rhaenyra sua legitima herdeira, nomeando-a Princesa da Pedra do Dragão.
A partir desse ponto, os fatos que se sucedem culminam para ruína da Casa Targanyen.
A princesa Rhaenyra também é uma personagem com luz e escuridão. Ela casou-se com o primo Laenor Valaryon. O problema é que Laenor gostava de garotos. Os três filhos do casal não nasceram com os cabelos brancos, características dos Targanyens.
O rei Viserys I havia casado novamente e os filhos nasceram com os cabelos brancos. A esposa do rei ansiava que seu filho mais velho fosse o herdeiro do trono, mas o rei não modificou a lei, a princesa Rhaenyra continuou sendo a herdeira.
Os filhos da princesa Rhaenyra e seus meio-irmões não se davam nada bem, assim como Rhaenyra e a madrasta. A princesa Rhaenyra ficou viúva e casou-se com o tio Daemon, o canalha, deu a este, legítimos Targanyens.
Estas são as sementes plantadas que germinaram e todos colheram a sangrenta Dança dos Dragões.
Não poderia ter ficado mais feliz com a leitura desse conto. Martin acertou em tudo: escolheu uma das casas mais interessante de Westeros, a casa Targanyen; a escolha estilística para narrar os fatos é uma delícia. É como se o narrador estivesse conversando com o leitor e ele ainda relata duas versões dos fatos.
Para mim, os Targanyens são fascinantes. Acho que todos eles são feitos luz e escuridão, são homens e monstros. Ainda tem a mística dos dragões, seres fantásticos, que inspiram histórias ao longo dos tempos.
Os fãs d’As Crônicas de Gelo e Fogo não podem deixar de ler esse conto. Também indico os contos Como o Marquês recuperou seu casaco, de Neil Gaiman; Qual é a sua profissão, de Gillian Flynn.