Mais uma segunda chegou, e decidi compartilhar com vocês uma leitura que realizei a alguns meses, mas que foi muito marcante para mim. Vamos lá?
Imagine o dia em que os animais vão cansar de toda a exploração a que são submetidos pelos seres humanos. Agora imagine uma granja onde os papéis se invertem e a luta travada entre ANIMAL vs HOMEM chega ao fim e os primeiros triunfam. Imaginou? Esse é o cenário de A Revolução dos Bichos, famosa fábula escrita por George Orwell publicada diversas vezes desde a sua versão original em 1945.
A estória se passa na Granja do Solar, do proprietário Jones, um velho alcoólatra, endividado. A granja vai de mal a pior e os animais também pagam um preço muito alto: além do trabalho pesado eles têm de enfrentar a fome ao fim do dia por que Jones não dá a mínima para eles.
Um dia o velho Major, o porco mais antigo e respeitado, convoca todos os animais da granja para uma reunião. O que Jones não esperava era que a partir deste dia os animais estariam livres, sem humanos para maltratá-los ou lhes ordenar qualquer coisa. A ideia de Major era uma granja cuidada pelos animais, todos juntos, sem predominância de poder de quaisquer espécies sobre outras.
Neste mesmo dia a revolução aconteceu. A morte de Major simbolizou o início de uma nova era para os animais e a granja agora era dos bichos.
Dessa maneira, a paz se instalou na granja. Os animais se organizaram da maneira que puderam, ganharam um hino e mandamentos, que deveriam ser seguidos por todos igualmente.
Mas a paz não durou não durou muito tempo. Os porcos, animais astutos e inteligentes, acharam que deveriam tomar a frente de algumas decisões, pois eram mais habilidosos. Não era uma questão de dominação, mas de organização. Isso era o que Bola-de-neve achava. Napoleão, seu colega tinha más intenções e sempre tentava manipular os demais animais para fazer o que ele achava conveniente. Além dos dois porcos, ganham destaque também: O porco Garganta – aliado de Napoleão; O cavalo Sansão – sempre leal e obediente, e o burro Benjamin – o cético. Esses animais deixam cada
um a seu modo, uma lição de moral, que assim como em toda fábula, nesta não poderia faltar.
Com o desenrolar da narrativa, vamos percebendo como o poder vai virando a cabeça de Napoleão, os mandamentos continuavam sendo seguidos, mas com ‘pequenas’ alterações feitas por seus aliados enquanto os demais animais dormiam.
A fábula deixa uma mensagem geral que de início até assusta um pouco, se formos pensar no quanto somos explorados diariamente nos mais diversos ambientes, explorados por nossos iguais. Mas há quem diga que Orwell não estava falando de um momento qualquer, mas satirizando o momento histórico da Rússia Stalinista no século XX, em que os personagens de Napoleão e Bola-de-neve, eram na verdade Stalin e Trotski. Além disso, há quem diga também que Orwell também se referia ao Comunismo.
Enfim, se isso é verdade não sabemos. O que sabemos é que esta fábula pode ser usada também em momentos recentes. Se formos analisar as condições sociais atuais (não me refiro a nenhum partido político ou coisas do tipo). Bem, de qualquer forma eu adorei o livro, pois gosto muito de leituras que me levam a entender um pouco de história e por ele ser curtinho e ter uma linguagem clara, tudo ficou melhor.
É válido ressaltar que não é preciso compreender o momento histórico para entender a mensagem do enredo. Além disso, tudo é tratado com muito humor, o que deixa a leitura uma maravilha! A única coisa que me deixou com o pé atrás foi o fato de que os animais foram usados para representar as irracionalidades humanas, se bem que vendo por outro lado, as metáforas se encaixaram perfeitamente. Uma leitura para todas as idades! Uma sátira genial que existe para comprovar a tese de que ler um livro é conhecer um pouco (ou muito) da história do mundo, seja ela real ou fictícia.
“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco”.
Por fim, gostaria de indicar, além do livro a canção ‘Toda forma de Poder’ da
Banda Engenheiros do Hawaii, que é uma das minhas favoritas e com certeza dirá muito dessa leitura. Boa leitura!
Imagens Google (caso você seja o autor das imagens, ente em contato, e colocaremos os créditos).
George Orwell
Título original: Animal Farm: a fairy story
Gênero: Ficção
Editora: Companhia da Letras
Número de Páginas: 152
Edição: 2007
Avaliação: ★★★ ★★
Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, ‘A Revolução dos Bichos’ é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos – expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História – mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto.