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O bebê de Rosemary || Ira Levin

por Nilda de Souza

O bebê de Rosemary  é mais um clássico do terror que eu já deveria ter lido há muito tempo. Embora já conhecesse a história através das adaptações, sabemos que o livro sempre traz suas particularidades.

A história aborda uma série de temas perturbadores, misturando elementos de horror psicológico, suspense e críticas sociais

O Bebê de Rosemary conta a história de um jovem casal que se muda para um prédio antigo de arquitetura vitoriana, localizado em um bairro nobre de Nova York. Achei interessante o uso desse cenário – um edifício soturno – que confere um ar europeu e vitoriano à história.

Um amigo do casal tenta dissuadi-los de morar no prédio, alertando sobre relatos de eventos estranhos e até violentos que ocorreram ali. No entanto, Rosemary é a mais empolgada com a nova casa, deslumbrada com a perspectiva de um novo começo. O plano é se estabilizarem financeiramente e logo terem um bebê. Guy, seu marido, é ator, mas sua carreira ainda não deslanchou.

O casal acaba fazendo amizade com os vizinhos idosos, Roman e Minnie Castevet. Tudo parece se estabilizar: Guy começa a trabalhar e Rosemary engravida, com os Castevet se aproximando ainda mais. Mas, como era de se esperar, coisas estranhas começam a acontecer.

O bebê de Rosemary: controle do corpo feminino 

O bebê de Rosemary

Publicado em 1967, O bebê de Rosemary tornou-se um clássico do terror. O tema central gira em torno da possibilidade do nascimento do filho do mal, fazendo um paralelo com a história bíblica do nascimento de Jesus – uma temática que também aparece em outra obra do gênero, A Profecia.

Além do sobrenatural, O bebê de Rosemary aborda questões humanas que enriquecem a trama.O horror não se limita apenas ao nascimento do anticristo, mas também às implicações éticas e morais de certas escolhas humanas.

De todas as questões que esta história aborda, duas me chamam mais atenção: maternidade e corpo feminino. A gravidez de Rosemary expõe o medo e a vulnerabilidade que podem acompanhar a experiência de ser mãe. 

O corpo feminino, manipulado tanto por forças externas, sociais e sobrenaturais, quanto pelo próprio processo da gravidez. Rosemary é vítima da violência do marido e vizinhos para gerar o “filho do diabo”. 

Embora, inicialmente, ela interprete o ato como um pesadelo, a revelação de que foi uma violência ritualizada torna evidente a exploração de seu corpo sem seu consentimento. O ataque não é apenas físico, mas psicológico, representando a vulnerabilidade feminina diante de estruturas patriarcais e o controle sobre seu próprio corpo.

Guy, o marido, é um personagem desprezível. Desde o início, percebemos seu caráter duvidoso e a maneira asquerosa com que ele coloca sua ambição à frente de tudo. Rosemary, por outro lado, é uma personagem interessante. Ela não é completamente ingênua; desconfia e tenta se desvencilhar da situação, mas está presa numa rede de conspiração que inclui até mesmo seu próprio marido.

O destaque está no retrato do quanto as pessoas estão dispostas a fazer qualquer coisa em nome da fama, poder ou dinheiro

Gostei bastante da história. Faz a gente refletir sobre a sociedade atual e todas as questões de controle de corpo feminino. A autonomia de Rosemary é lentamente corroída, sem que ela perceba, até se ver completamente controlada.

 

Mais uma leitura concluída para o Clube de leitura Vertentes do Mal.

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