Esta é uma tradução livre do conto La autoridad, do livro Mujeres, Eduardo Galeano.
“A autoridade”
Em épocas remotas, as mulheres sentavam na proa das canoas e os homens na popa. Eram elas que caçavam e pescavam. Elas saiam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam.
Os homens arrumavam as choças (ocas), preparavam a comida, mantinham as fogueiras acesas para amenizar o frio. Cuidavam dos filhos e curtiam as peles – que serviam de abrigos. Assim era a vida entre os indígenas Onas e Yaganes na Terra do Fogo.
Até que um dia os homens mataram todas as mulheres e passaram a usar máscaras para causar terror. Somente as meninas recém-nascidas se salvaram do extermínio. Na medida que elas cresciam, os assassinos falavam para elas, e repetiam, que servir aos homens era seu destino. Elas acreditavam. Também acreditaram suas filhas e as filhas de suas filhas.
Eduardo Hughes Galeano nasceu em Montevideu, Uruguai, em 1940. Foi chefe de redação semanário Marcha e diretor do diário Época. Em Buenos Aires fundou e dirigiu a revista Crisis. Viveu exilado na Argentina e Espanha. Em princípios de 1985 regressou ao Uruguai. É autor de vários livros, traduzidos para mais de vinte línguas e uma variedade grande de obras periódicas.
Este é uma bela lenda que nos fala de intolerância, dominação cultural, econômica, sexual… etc. O que me deixa triste é que, em pleno século XXI, ainda existam tantos “indios Onas e Yaganes”.
imagens: google
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E houve um escandalo sobre a China de nossos tempos modernos por não aceitar que mulheres nasçam, tem que ser um unico filho e homem.