O livro “Contos fantásticos da 42: uma antologia inesperada“, Editora 42, traz uma coletânea de 19 contos que abordam o gênero Fantástico, como o próprio título denota. Mas há também suspense, distopia e ficção científica. Eu já falei dele aqui, quando foi lançado.
Falar sobre livro de contos sempre me causa angustia. Não que eu não goste. Nada disso. Até porque os contos são os culpados por eu ter entrado no mundo da literatura.
A angustia vem do fato de eu nunca saber se devo me deter em um único conto ou se abordo todos. Ou ainda se faço um resumo geral.
Hoje decidir que vou focar nos contos que mais me chamaram a atenção. Assim, acho que vou instigar o leitor a ler esses deliciosos contos.
Em Contos fantásticos da 42: uma antologia inesperada, o leitor encontra os contos: Jacques, O grande segredo, O Gato, África, O relógio de painel branco, O cara de um conto, Os sobreviventes, Exilados da Capela, Gleise 581d, Infalível, Intangível, Incrível, Invisível, Impossível, Incalculável, Indizível, Narobi, Elodie.
Dos contos citados acima, aqueles que conseguiram me desorganizar para depois me reorganizar foram:
Jacques e Elodie. Os dois contos, de Ana Henrique, dialogam entre si (os títulos são também o nome dos personagens). O que nos escapa em um, nos é apresentado no outro. Nos dois contos, conhecemos os fotos da vida de Jacques e Eloide pela voz do narrador.
Já em O grande segredo, a autora Graça Lacerda consegue criar um estado de tensão até chegar ao clímax. É surpreendente.
Nos contos Infalível, Intangível, Incrível, Invisível, Impossível, Incalculável, Indizível Eleonora Ducerisier, em minha opinião, consegue empreender exitosamente no universo sobrenatural. Assim como Thiago Augusto Corrêa, em Narobi.
Ah, mas o leitor precisará ler os setes contos de Ducerisier para ter a noção do todo, pois neles o narrador nos apresenta Nairobe, menina de 8 anos, mas que vivi há vinte. Nairobe leva uma vida normal. Vai à escola, anda de metrô. É uma criança feliz. No entanto, sua mãe é a morte, ou melhor, uma coletora de almas.
No conto, vemos, pelo prisma do narrador, Nairobe tentando saber, exatamente, o que sua mãe faz em seu trabalho.
Não é uma premissa fascinante para uma história?
Em Narobi, que também é o nome de umas das personagens, temos uma narrativa fragmentada. Por isso, o leitor precisa de maior atenção para compreender a história.
O conto narra a história de um casal que se muda de cidade e que compra uma casa em que houve um assassinato – o corpo foi cremado no meio da sala. Há também a menção a uma tábua de origem indígena, de uma tribo de nome impronunciável, que evoca o deus do fogo.
O conto nos leva a questionar se a narrativa que estamos lendo é verdadeira, fato da realidade, ou apenas uma ilusão do narrador personagem personagem.
Por que eu acredito que esse dois autores foram exitosos? Porque o gênero fantástico, segundo Tzvetan Todorov, autor de Introdução à literatura fantástica, tem como característica o fato de os fenômenos extraordinários irromperem a ordem natural do mundo narrado.
Isso quer dizer que, em uma narrativa fantástica, os eventos sobrenaturais aparecem em cenas familiares, cotidianas. Mas, aí, algo inexplicável e extraordinário rompe a estabilidade deste mundo natural.
Acredito que nos contos de Ducerisier e de Thiago vemos essas características.
Livro: Contos fantásticos da 42: uma antologia inesperada
Editora: Editora 42
Onde comprar: Lujinha 24, R$ 28, 80Mais informação, acessem as mídias da Editora 42: Facebook, Twitter
Importante:
A editora enviou o livro para resenha.