Resenha || O nome do vento | Patrick Rothfuss

O nome do vento é um daqueles livros que me deixa pensando: um dia vou escrever algo assim (em sonho, claro).

O nome do vento é uma fantasia épica, primeiro livro da trilogia A crônica do Matador do Rei, ambientado em um mundo parecido com o nosso, chamado Os Quatro Cantos da Civilização, que traz a história de Kvothe, também conhecido como Kote e outras tantas denominações. Um personagem enigmático, com grandes façanhas, uma lenda. Acredito que podemos dizer que Kote é um mito vivo.

A narrativa inicia com Kvothe exercendo o papel de hospedeiro em uma pequena cidade. Em princípio, a história pode parecer um pouco lenta, mas isso é necessário para preparar o leitor para o que vem a seguir. Então surge a primeira pergunta: por que um homem de grandes façanhas está vivendo atrás de um balcão, limpando mesas de bar? Ao longo da narrativa, o leitor vai intuindo o que levou Kote até ali.

Kote nasceu como Edena Rude, ou seja, em uma família pertencente a uma trupe de artistas mambembes (bom, eu acho que eles têm muitas características da cultura cigana, além, é claro, da circense). Kote sempre foi uma criança excepcional, muitíssimo inteligente, e ainda teve um ótimo professor que o incentivou a ir à Universidade e se tornar um Membro da Arcanum.

A grande tragédia é que Kote perdeu a família quando ainda era muito jovem, com dez anos. Toda a trupe foi massacrada por um grupo lendário chamado Chandriano. Esse Chandriano é um tipo de ser maligno, com seguidores. Muitos acreditam que ele é um demônio.

Depois do massacre, Kote viveu, por meses, sozinho na floresta. Depois, viveu uma vida difícil na cidade, mendigando e praticando pequenos furtos. Mas algo dentro de Kote o despertou para lutar por outra vida: descobrir quem é o Chandriano e vingar a família massacrada.

Assim, Kote parte para a Universidade. É nesse ambiente de estudos que a vida de Kote começa a se tornar uma lenda. Ele ganha amigos e inimigos, quase vive um romance e tem a oportunidade de demonstrar o quanto é brilhante. Mas, no fundo, Kote só queria uma coisa: ter acesso à biblioteca, pois ele crê que encontrará as respostas que tanto procura sobre o Chandriano.

Nessa universidade, não se ensina somente matemática e geografia, etc. Lá se ensina também simpatia/magia, formas de manipular elementos e outras coisas. Kote é tão inteligente que já chega à universidade sabendo simpatias simples, que outros alunos levam meses para aprender. Dentre todas as magias, chamar o nome do vento é uma das mais importantes. Daí o título do livro.

O nome do vento é uma bela história, com um enredo excepcional. Uma trama tão bem construída e sólida. Acompanhamos desde a infância de Kote, junto aos pais. Depois, vemos como foram os anos em que Kote ficou sozinho em uma cidade grande, tendo de mendigar para sobreviver. A trama então se foca em um ponto de excitante robustez de ações: a vida do protagonista na Universidade. Não encontro um adjetivo capaz de expressar a engenhosidade desse livro.

Bom, mas eu não estou falando de grandes novidades sobre mitos e lendas. Estou dizendo que Patrick Rothfuss soube se servir do existente, como a mitologia cristã, por exemplo, e seres do universo fantástico, para produzir sua própria narrativa.

Patrick Rothfuss optou por apresentar a história de vida de Kote alternando entre a primeira e a terceira pessoa, sendo que na primeira pessoa é como se fosse a biografia/autobiografia (ou crônica, se preferir). Isso porque Kote relata suas façanhas para um cronista — uma pessoa que ganha dinheiro escrevendo. Essa opção formal proporciona uma proximidade muito grande com o personagem.

O nome do vento é um livro para todos os amantes do gênero fantástico. Bom, agora vou iniciar logo a leitura do segundo livro, O Temor do Sábio, e pedir a Tehlu que Rothfuss termine logo o terceiro livro. Ah, Tehlu, não esqueça que os fãs querem a série de tv. Por favor, nada de filme.

E para quem ainda não sabe: você pode levar esse livro para casa. Tem um sorteio rolando no blog de O nome do vento,  Temor do Sábio e do spin-off A música do silêncio. Até o dia 30/07/15.