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Resenha || Festim das 12 cadeiras | Elvis Delbagno| Editora Schoba

por Nilda de Souza

Festim das 12 cadeiras foi um livro que me deixou com sentimentos confusos. Uma hora eu penso que talvez eu não tenha entendido a proposta do livro. Já em outros momentos eu penso que talvez a proposta do livro não seja tão interessante. Ao longo da resenha espero explicar o motivo de eu ter ficado assim.

Festim das 12 cadeiras tem o propósito de ser uma crítica social, escrito por Elvis Delbagno e publicado pela Editora Schoba. O livro tem uma linguagem acida, sarcástica (eu não diria bem-humorada), com vários personagens, com características muito distintas.

Festim das 12 Cadeiras traz como mote, para traçar a crítica social, a reunião de personagens em uma festa, dada pelo casal homossexual Laerte e Carlão. O casal é riquíssimo e essa festa já é tradição. Todos os anos, são convidadas 10 pessoas. Mas, ao longo dos anos, algumas pessoas são excluídas da lista e entram novos convidados.  O fato é que ninguém quer ser excluídos da tal festa.

A grande novidade desse ano é que o casal comprou um conjunto de cadeiras russas, só que eles perceberam que em uma das cadeiras veio um tesouro (joias), e como eles já são muito ricos, resolveram que o tesouro irá para um dos convidados, aquele que for mais humilde, ou seja, aquele se sentar por último no jantar.

O problema é que as coisas nunca saem como planejado. A imprevisibilidade da vida, o acaso. Como controlar todas as variáveis?

O festim das 12 cadeiras é baseado no conto russo 12 Cadeiras, de Ilf and Petrov e também no filme Festim Diábolico, de Alfred Hitchcock. Eu não conheço nenhum das duas obras, talvez por isso eu não tenha me conectado tanto com livro.

A narrativa inicia com a preparação da festa, com as cadeiras chegando, a descoberta do tesouro, a ideia de que um convidado deverá ganhar o tesouro.

Nessa primeira parte do livro conhecemos o casal Laerte e Carlão, eu achei que foi traçado um perfil caricaturizado de Carlão, sendo que Laerte é o que mais aparece na narrativa.

Laerte também é o personagem mais interessante. Isso porque a narrativa volta ao passado de Laerte, quando ele ainda era criança. O leitor consegue perceber que desde criança ele é perspicaz, conhecedor da natureza humana. Foi por causa de uma ideia de quando criança que sua família ficou rica.

A narrativa segue apresentando os convidados. A mais famosa de todos é Dolores, uma personagem sem papas na língua. Ela tem duas irmãs, que também são convidas da festa. Nessa parte do livro, o narrador carrega na tinta, principalmente, para falar do peso de uma da irmã. E também para falar das necessidades sexuais de uma delas.

Eu não teria me incomodado com uma personagem feminina gorda se mais na frente não aparecesse outra personagem também gorda. Mas veja bem, não há personagens masculinos gordos. Assim como não há personagens masculinos com problemas sexuais.

Ainda há os personagens: o padre; os dois irmãos; o casal jovem, excêntrico; o detetive. Mas, para mim, outros personagens que se destacam são os vizinhos. É a mulher do vizinho que é outra personagem gorda, com descrições totalmente acidas.

O festim das 12 cadeiras toca em vários pontos de discussões sociais: homossexualidade, sexualidade, religião. Mas a impressão que eu tive é que em alguns pontos o livro reforça alguns estereótipos, ao invés de fazer o leitor refletir sobre, por isso o livro me deixou confusa, principalmente em relação ao perfil da mulher. No entanto, reconheço que há uma tentativa de trazer personagens marginais, mas isso fica mais evidente na linguagem do que mesmo no desenvolvimento dos personagens.

O ponto alto do livro são as referências ao cinema, às séries, à cultura popular. O festim das 12 cadeiras é um livro controverso, mas talvez seja essa mesma a intenção.

Festim das 12 cadeiras

Elvis Delbagno

Editora: Schoba
Número de Páginas: 163
Ano: 2015
Avaliação: ★★★

* Livro cedido pela Schoba.
Sinopse: Ao comprar um conjunto de 12 cadeiras russas para o jantar anual, um casal homossexual descobre um tesouro embaixo do estofado de uma delas. Com as contas bancárias transbordando, os milionários resolvem manter o tesouro na cadeira e doá-lo ao primeiro convidado que se sentar nela. No entanto, eles percebem que isso será um problema quando um dos convidados não comparece ao jantar. Estruturando-se nas comédias de costumes, nos deparamos com uma crítica social de um humor ácido extravasante dos diálogos preconceituosos dos personagens mais bizarros que poderiam surgir numa sociedade cheia de interesses. Narrado de forma corrida como um roteiro cinematográfico e com diversas referências à cultura popular, o autor traça uma paródia ao clássico conto russo 12 cadeiras, de Ilf and Petrov, e ao filme Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock.

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