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A irmandade perdida | Anne Fortier

por Gaby Marques

A irmandade perdida, Anne Fortier leva sua criatividade a um novo patamar. Ao abordar as amazonas como tema principal, ela não apenas inova, mas também sacode a literatura moderna. Com um impressionante conhecimento em mitologia, arqueologia, geografia e história em geral, Fortier conduz o leitor da Idade do Bronze aos dias atuais com destreza e simplicidade, unindo presente e passado com sensibilidade, despertando o interesse e apaixonando cada vez mais a cada virar de páginas.

Mirina é uma jovem caçadora do norte da África, na Idade do Bronze Tardia. Ela e sua irmã, Lilli, acabam de retornar de uma longa viagem em busca de caça quando se deparam com destruição, doença e morte na pequena aldeia onde residem. Sua casa foi queimada com sua mãe dentro, e tudo o que resta são cinzas e o bracelete de bronze que sua mãe usava, encontrado entre as ruínas.

As pessoas da vila, antes seus amigos, acusam a mãe de Mirina de bruxaria, e, por consequência, as meninas não são mais bem-vindas ali. O que elas podem ver são apenas pessoas doentes; os saudáveis estão cegos pela raiva e desespero.

Munidas apenas de coragem e determinação, as duas partem em busca do templo da Deusa da Lua, conforme o pedido de sua mãe, caso algo ruim acontecesse. As provações começam cedo e as irmãs enfrentam fome e frio, além de contraírem uma febre que deixa a pequena Lilli cega. Ao encontrarem o templo, percebem, no entanto, que a luta está longe de terminar.

A irmandade perdida: Inglaterra – dias atuais

Diana Morgan é filóloga e especialista em mitologia grega. Professora na Universidade de Oxford, tem um verdadeiro fascínio pela antiga nação de guerreiras dessa mitologia, as Amazonas. Sua obsessão começou com sua avó, que alegava ser uma amazona antes de desaparecer sem deixar vestígios.

Após uma apresentação frustrante de um de seus artigos, Diana recebe uma proposta de um homem misterioso na rua para ajudar a decifrar inscrições em um templo recém-descoberto no norte da África. Excitada com a ideia de aventura e energizada pela curiosidade sobre o templo que pode ter alguma relação concreta com as amazonas — o que poderia alavancar sua carreira — Diana aceita a tarefa. Durante a viagem, ela conhece Nick Barrán, um homem que chama sua atenção e se revela um mistério ainda mais difícil de desvendar.

Com a ajuda de um caderno deixado por sua avó, Diana logo decifra as inscrições do local, encontrando um verdadeiro tesouro em fatos históricos que a colocam no encalço das amazonas. No entanto, parece que ela não é a única interessada; colecionadores de arte e terroristas começam a persegui-la em busca de respostas.

Assim, inicia-se uma aventura perigosa e inesperada, repleta de reviravoltas emocionantes e intensas revelações que sobreviveram por milênios, mas que agora podem finalmente ter um desfecho.

“As pessoas tentam catalogar você em um ponto do mapa e pintar você de certa cor para simplificar as coisas. Só que o mundo está longe de ser simples, e seres humanos inteligentes não gostam de ser catalogados e pintados pela mão de ninguém, seja ele deus, padre ou político.”

A irmandade perdida: fortier leva o leitor da Idade do Bronze aos dias atuais

Já conheço sua escrita, sua “fórmula”, por ter lido seu romance mais famoso, Julieta, que também possui um embasamento histórico de ótima qualidade.

Em A irmandade perdida, temos duas visões em tempos e costumes diferentes. Em terceira pessoa, acompanhamos a corajosa Mirina e sua emocionante trajetória, marcada por tragédias, crueldade e um romance inesperado.

Em primeira pessoa, conhecemos e acompanhamos as aventuras de Diana em busca de respostas para as perguntas que a acompanham desde a infância.

A irmandade perdida apresenta intrigas, mentiras, mistérios, romances inesperados e um final maravilhoso; a “fórmula” da autora continua a mesma de seu romance anterior. Isso é ruim? Definitivamente não. Essas características são unidas com originalidade na escolha do enredo e nos cenários mágicos descritos com maestria.

Sobre a construção dos personagens, a autora peca um pouco. Não consegui ter empatia por Diana até quase metade do livro, o que acabou arrastando um pouco a leitura. Além disso, a relação dela com Nick Barrán evolui rápido demais, faltando profundidade e se desenvolvendo de “uma hora pra outra”, o que me causou surpresa.

Mirina é uma personagem extremamente forte, decidida e independente. É amorosa, mas também racional. Luta com força e destreza e protege aqueles que ama com unhas e dentes, literalmente. Ela é a primeira rainha das amazonas, talvez a melhor personagem de Anne Fortier, que a “recriou” com firmeza e riqueza em detalhes.

O final foi lindo, intenso e bem amarrado, sem pontas soltas para confundir o leitor. Não me surpreendeu, mas não deixou a desejar. São 528 páginas de puro encanto.

A tradução ficou ótima, e encontrei poucos problemas de revisão. Definitivamente, nada que atrapalhasse a leitura. A capa é lindíssima e tem tudo a ver com a história.

Apesar dos pontos negativos já mencionados, A Irmandade Perdida é um livro rico, detalhado e preciso. Leitura obrigatória para os fãs do gênero ou, como no meu caso, para os admiradores de Julieta, também publicado pela Editora Arqueiro.

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