Resenha de Zoo | James Patterson

Em Zoo, James Patterson sai um pouco do gênero policial e nos presenteia com uma história que alia características de gêneros como ficção científica, thriller, mistério e suspense, despertando em mim, ao longo da leitura, um misto de sentimentos: aflição, medo e raiva. Pensei várias vezes: e se fosse verdade? Também fiquei tocada pela questão dos animais.

Zoo traz como personagem principal Oz, um biólogo que não terminou o doutorado, pois durante seus estudos ficou fascinado por algo muito mais importante. Ele percebeu que algo estranho estava acontecendo na natureza. Ou melhor, os animais estavam se comportando de forma anormal. Havia uma incidência muito maior de ataques de animais selvagens a humanos.

Nos últimos anos, Oz vinha tentando convencer a comunidade científica de que sua teoria era verdadeira. Para isso, ele viajava pelo mundo dando palestras e buscava registrar o comportamento violento dos animais, a fim de ter dados científicos.

Oz soube que em Botsuana, na África, um grupo de turistas e guias foi atacado por leões. Ele viaja para lá em busca de provas. Oz quase morre, mas consegue as evidências que tanto queria. Agora, o grande desafio é convencer o governo americano de que o mundo está entrando em um apocalipse animal, caso não se tome uma atitude rápida.

O livro já inicia tenso. Sim, o clima de suspense tem grande destaque na obra. Já no prólogo, entramos no clima de aflição, pois é narrado um ataque de leões no zoológico de Los Angeles.

Zoo é narrado em primeira pessoa por Oz e em terceira quando o foco está nos ataques dos animais. O animal com maior destaque é Attila, o chimpanzé que Oz resgatou de um laboratório de experiências. Attila é fundamental para o leitor medir os sentimentos dos animais.

A narrativa também foca na vida pessoal de Oz, mostrando como ele era um gênio acadêmico, para depois ser considerado um obsessivo pela teoria do CAH (Conflito entre Animais e Humanos).

Destaca-se ainda como era a vida de Oz antes de conseguir as provas de sua teoria. Depois, há um salto no tempo, onde Oz já está casado com Chloe e tem um filhinho. Oz conheceu Chloe em Botsuana; ela também é cientista. No entanto, Chloe não tem um grande destaque na obra, o que é uma pena, pois ela estava estudando o comportamento dos pássaros migratórios na África. Adoro personagens femininas com destaque.

O livro traz uma trama muito interessante. Eu, particularmente, estou acostumada a ler livros narrados após o apocalipse. Já Zoo apresenta ações que culminarão no apocalipse, se nada for feito, é claro. James Patterson utiliza recursos já bem conhecidos em gêneros que têm catástrofe iminente como pano de fundo, como, por exemplo: as tentativas de Oz em provar para as autoridades que sua teoria é verdadeira; a lentidão do governo para agir; o fato de o governo manter a população no escuro sobre os eventos que estão ocorrendo; as ações desorganizadas e equivocadas do governo; a população agindo de forma caótica; e os privilégios dos poderosos.

Quanto às explicações científicas, a meu ver, são simples. Não há termos complicados de biologia, zoologia ou ecologia. No entanto, a explicação para o desencadeamento dos ataques dos animais é convincente, pelo menos para mim, pois o homem tem interferido tanto na natureza, e não sabemos as consequências disso no futuro.

Outro ponto de destaque do livro é que o autor consegue dimensionar a grandeza dos ataques por todo o mundo. Essa visão ampla é muito significativa para dar credibilidade aos fatos.

Para quem assistiu à série de TV Fear The Walking Dead, sabe que ela pecou justamente por não conseguir dimensionar o apocalipse zumbi de The Walking Dead.

Zoo tem adaptação para série de tv (vídeo abaixo), pela CBS, com direitos adquiridos pela Netflix. Além disso, há também uma Graphic Novel, arte de Andy MacDonald.