Sou apaixonada pela literatura russa. Embora ainda não tenha resenhas dos clássicos russos aqui no blog, isso é uma missão para 2016: voltar a resenhar essas obras. Quando descobri que A Menina da Neve se baseia no antigo conto russo “Snegurochka” (A Menina da Neve), fiquei realmente empolgada. Além disso, a capa do livro é linda.
A história de A menina da neve é tão significativa na Rússia quanto os contos clássicos são para nós, como Chapeuzinho Vermelho e João e Maria. Assim como esses contos, “The Snow Maiden” tem várias versões, oriundas da tradição oral, mas sempre mantendo um ponto em comum. E, assim como nos contos clássicos, não existe uma versão verdadeira; há apenas a interpretação de cada autor.
Agora, vamos à resenha de A Menina da Neve, de Eowyn Ivey, publicado pela Editora Novo Conceito. A narrativa se inicia em 1920, quando o casal Jack e Mabel se muda para o Alasca, em busca de uma nova vida, longe do barulho das crianças e das perguntas indiscretas de familiares e amigos. Não é que eles não gostem de crianças, mas ainda não superaram uma perda dolorosa.
O início da vida no Alasca é desafiador. Eles vivem em uma cabana rústica, enfrentando invernos rigorosos, com ventos frios que entram pelas frestas, e precisam estocar comida para os meses de inverno. A solidão é palpável, já que os vizinhos estão a uma boa distância.
A vida do casal ganha cor quando, em uma noite de nevasca, eles constroem um boneco de neve, que se transforma em uma menina de neve. No dia seguinte, começa um mistério que permeia todo o enredo.
Jack e Mabel começam a receber a visita de uma menina que sempre anda acompanhada de uma raposa. Essa menina, aparentemente, não tem família e vive sozinha na floresta, aparecendo e desaparecendo.
A Menina da Neve apresenta uma proposta de enredo instigante, misturando drama e fantasia. A obra tem vários pontos altos, mas também apresenta momentos que não empolgam o leitor. O casal Jack e Mabel é apático na maior parte da narrativa, e eu não consegui me sensibilizar com seu drama, que é bastante comum na literatura. Apesar dos esforços de Eowyn Ivey para tocar o coração do leitor, a conexão não se concretiza.
O casal só se torna interessante nas interações com outros personagens, especialmente com a menina da neve, Faina. Embora convivessem com Faina por anos, nunca conseguiram compreender sua essência. Em alguns momentos, desejavam domesticá-la, o que me incomodou. Em outras ocasiões, eu gostaria que tivessem dado mais força a Faina, mas seu discurso era pessimista.
Os personagens que enriqueceram a história foram Garret e sua mãe, Esther. Garret desempenha um papel importante na vida do casal e de Faina. Sua relação com Faina é envolvente, mágica e comovente. Esther, por sua vez, é direta e adaptada à vida em um ambiente hostil, servindo como um ótimo contraponto a Mabel.
Como já mencionei, o drama do casal não é o ponto alto do livro; o que realmente brilha são as histórias e os mistérios que cercam Faina. O mais interessante é que a autora preserva a magia do conto original, permitindo que cada leitor faça sua própria interpretação.
O livro é narrado em terceira pessoa, mas o narrador não sabe nada sobre a vida de Faina, focando na personagem apenas quando ela interage com outros. A escrita de Eowyn Ivey é mais elaborada do que a de muitos best-sellers contemporâneos, apresentando uma linguagem direta e praticamente sem inversões.
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A menina da Neve
Eowyn Ivey
Título Original: The Snow Child
Gênero: Drama e fantasia
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 352
Ano: 2015
Avaliação: ★★★ ★
Sinopse: Alasca, 1920: Um lugar especialmente difícil para os recém-chegados Jack e Mabel. Sem filhos, eles estão se afastando um do outro cada vez mais ele, no duro trabalho da fazenda, ela, se perdendo na solidão e no desespero. Em um dos raros momentos juntos durante a primeira nevasca da temporada, eles fazem uma criança de neve. Na manhã seguinte, ela simplesmente desaparece. Jack e Mabel avistam uma menina loira correndo por entre as árvores, mas a criança não é comum. Ela caça com uma raposa-vermelha ao lado e, de alguma forma, consegue sobreviver sozinha no rigoroso inverno do Alasca. Enquanto o casal se esforça para entendê-la uma criança que poderia ter saído das páginas de um conto de fadas, eles começam a amá-la como se ela fosse filha deles. No entanto, nesse lugar bonito e sombrio, as coisas raramente são como aparentam ser, e o que aprendem sobre essa misteriosa menina vai transformar a vida de todos eles.