Prince of Thorns, Vol. 1, Mark Lawrence, DarkSide Books, é o primeiro livro da trilogia dos Espinhos, publicado pela Editora Darkside Books. Para mim, é uma das maiores obras da atualidade (posso estar exagerando), pelas questões que o livro traz. Ele provoca muitas reflexões sobre as atitudes do personagem principal, Jorg, que frequentemente reflete sobre suas ações e seu passado, revelando a complexidade de seu caráter. Essas reflexões mostram que, apesar de suas crueldades, ele também luta com sua moralidade e os traumas que o moldaram. Mark Lawrence conquista o leitor com um anti-herói intrigante e uma linguagem fluida.
A história gira em torno do príncipe Honório Jorg Ancrath, que, aos 9 anos, testemunhou a mãe e o irmão serem assassinados a sangue-frio pelo Conde Renar, enquanto as roseiras-bravas (um tipo de espinho) o imobilizavam, perfurando-o.
Após um período de recuperação, Jorg busca vingança a qualquer custo. Desobedecendo seu tutor, Lundist, ele foge do Castelo Ancrath, reunindo vários assassinos e formando uma espécie de irmandade em sua busca pela vingança.
Já vou logo avisando que Jorg é um anti-herói, beirando a classificação de vilão. Ele é extremamente cruel, capaz de matar até mesmo seus próprios companheiros. Há um toque de humor ácido em suas reflexões, já que ele não hesita em pensar em eliminar qualquer um que cruze seu caminho. Como gostar de um personagem tão sombrio e cheio de nuances, que deseja ser rei antes dos quinze anos?
Vou lhes dizer: o silêncio quase me derruba. É o silêncio que me apavora. A página em branco na qual posso escrever meus medos.” [p. 43]
Prince of Thorns: contraste de caráter
Apesar de sua natureza sombria, Jorg é carismático e um líder nato. Ele se destaca em situações de risco, é inteligente e um exímio lutador. Com pouca idade, já é um intelectual, conhecendo grandes filósofos e dominando o latim culto. Mesmo sendo apenas um garoto, todos em sua irmandade o obedecem e respeitam.
A narrativa de Prince of Thorns se inicia quatro anos após a morte cruel de sua mãe e irmão. Contada do ponto de vista de Jorg, a história alterna entre o presente e flashbacks do passado. Jorg frequentemente faz referências à personalidade e habilidades de seus companheiros de irmandade.
Prince of Thorns se passa em um período medieval, retratado de forma crua, com a violência explícita desde o primeiro parágrafo, deixando claro que os tempos são sombrios e marcados por guerras. As batalhas estão ligadas a territórios perdidos. Contudo, há também elementos de ficção científica, representados pelos Construtores.
Embora o desejo de vingança pela morte de um ente querido pareça clichê, as motivações de Jorg são mais profundas. Ele mesmo admite: “aos 9 anos, já me faltava a pureza de espírito” [p. 38]. Suas motivações estão ligadas ao seu caráter e à relação com seu pai, além da sede de poder.
Agora, sobre o trabalho da DarkSide: que belíssima edição! Capa dura, mapa, folhas pretas separando os parágrafos e uma fonte de tamanho ótimo para leitura. Esta é uma edição para se exibir com orgulho na estante.