Dias Nublados, de Dany Fran, nos convida a refletir sobre como percebemos a vida em diferentes momentos. Você já se pegou pensando na forma como via as coisas anos atrás? Lembranças e recordações de fatos, ou até mesmo palavras que você dizia, que hoje já não fazem mais sentido? É interessante como mudamos com o passar do tempo, não é mesmo? Às vezes, expressões do nosso eu passado parecem se encaixar perfeitamente com o presente, como se houvesse uma conexão entre eles. Essa reflexão é o ponto de partida para a narrativa envolvente de Dias Nublados, publicada pela Editora Empíreo.
“A vida não foi mesmo feita para ser um resumo. Por isso, escreva a sua história sem pressa.”
Nos capítulos iniciais, conhecemos a protagonista Izadora Morgan Luchetta, que reflete sobre um bilhete escrito anos atrás e como aquele pequeno texto se aplica à sua atual situação. A partir desse trecho, ela relembra vários momentos, incluindo a exposição de suas obras em uma galeria na cidade de Florença. Izadora revive todas as cenas daquele dia.
A narrativa começa com um telefonema de sua irmã, avisando que a família sofreu um acidente de carro, mas que todos estavam bem. No entanto, não poderiam ir à exposição devido ao susto. Outro evento trágico foi a morte da esposa do dono da galeria, forçando o adiamento da exposição. Izadora agradece por sua família estar bem, mas amaldiçoa aquele dia por não conseguir realizar seu sonho, colocando, de certa forma, a culpa no dono da galeria.
“Respostas. Às vezes, passamos uma vida em busca de algumas que jamais serão decifradas. Pelo menos não de maneira concreta.”
Dias nublados: perdas e superação
Para tentar esquecer tudo isso, ela decide viajar ao Brasil e voltar após o carnaval, com a esperança de expor suas obras. O que ela não sabe é que o que está por vir mudará tudo (ou não) em sua vida, deixando seus dias nublados, e ela ainda não entende o porquê de tudo. O que acontecerá com Izadora? Conseguirá superar?
Sem entrar em mais detalhes sobre o enredo, posso dizer que Izadora é uma mulher egoísta, que se preocupa apenas consigo mesma. Mesmo após os eventos que viveu, sua visão de mundo não muda, algo que me irritou na personagem. Acredito que foi forçado ela não ter mudado tanto quanto se espera de alguém que passa por situações difíceis.
Mas somos seres humanos, não é mesmo? Não é fácil entender o que se passa na cabeça do outro, nem mesmo a falta de sensibilidade. No final, quem perde é quem não muda. E isso, de fato, Izadora perdeu muito!
Dias nublados é narrado em primeira pessoa, do ponto de vista da protagonista, alternando entre passado e presente. Isso é interessante, pois permite compreender os desdobramentos das personagens e a profundidade do enredo.
A permanência de Izadora em uma linha reta torna difícil afirmar se ela amadurece ou não, pois somente no final do livro descobrimos o que realmente aconteceu com ela e a justificativa para a leitura daquele trecho inicial.
A leitura não me surpreendeu tanto. Não consegui me conectar com a história nem com a personagem. Confesso que a capa e a diagramação são maravilhosas, e isso foi o que me prendeu inicialmente. E, como diz o velho ditado: “Não julgue o livro pela capa.”
Isso não significa que a narrativa não seja boa. O livro tem seus pontos negativos, mas também possui aspectos positivos, como refletir sobre a forma como levamos a vida, agradecer pelas pequenas coisas, não reclamar tanto quando algo dá errado e aprender lições em momentos difíceis.
“- […] O que quero dizer é que as obras que explodem emoção na gente são resultado de técnica, de alma, trabalho e do coração do artista.”
Durante toda a obra, consegui fazer um comparativo sobre como eu era e como sou. Poucos são os livros que me fazem refletir dessa maneira, e creio que essa é a maior lição de Dias Nublados. Recomendo a obra para o público que aprecia o gênero romance/drama.
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Dias nublados
Dany Fran
Gênero: Romance
Editora: Empíreo
Número de Páginas: 276
Edição: 2015
Avaliação: ★★★
Sinopse:Às 8h55, de uma segunda-feira de Carnaval, Izadora Morgan Luchetta viajava por uma rodovia estadual do Paraná. Artista plástica,seguia com a certeza de retornar a Florença, onde faria, em breve, uma exposição. Mas, naquela mesma hora, em outra estrada, um caminhão perde o freio no instante em que a irmã mais velha de Izadora e dois amigos passavam, indo para praia. E izadora não voltou para Itália. Um minuto e a vida que tinham deixa de existir.