Fábrica de Robôs (R.U.R. – Rossum’s Universal Robots), Karel Tchápek, Editora Hedra. No início do ano, prometi a mim mesma que leria mais ficção científica, por ser um dos meus gêneros favoritos. Quando o blog foi selecionado como parceiro da Editora Hedra, surgiu a oportunidade perfeita para ler essa obra que eu queria conferir há tempos.
Esta peça teatral em três atos é uma leitura obrigatória para todo amante de ficção científica. Um dos motivos que tornam essa obra tão importante é que é nela que aparece pela primeira vez o sentido da palavra “robô”. Sim, Fábrica de Robôs, escrita em 1920, é a primeira obra significativa do século XX a tratar da questão da vida artificial.
Karel Čapek é responsável por introduzir, em praticamente todas as línguas, o sentido atual da palavra “robô”: um mecanismo automático que realiza trabalhos e movimentos humanos. Derivada do tcheco “robota”, a palavra refere-se a trabalho forçado ou escravo. Muito interessante, não é mesmo?
Vale mencionar que essa peça foi encenada originalmente em Praga, em 1921.
Fábrica de Robôs: ciência, ética e moralidade
A história de Fábrica de Robôs se passa em uma fábrica de robôs, situada em uma ilha isolada. Os personagens incluem Harry Domin, diretor da fábrica; o Engenheiro Fabry; o Dr. Gall; o Dr. Hallemeier; o Cônsul Busman; e o Engenheiro Alquist, todos funcionários da fábrica. Também estão presentes as personagens Helena Glory e Nana, além dos robôs Marius, Sulla, Radius, Damon, Primus e Helena.
Fábrica de Robôs é dividido em apresentação, ato I, II e III. Na apresentação, somos introduzidos à história através de um diálogo entre Domin e Helena, onde descobrimos que os robôs são invenções do professor Rossum, criados para substituir os humanos em todas as tarefas, inclusive na fabricação de mais robôs. Já existem milhões de robôs pelo planeta, e eles são idênticos aos humanos na aparência.
“Aproximadamente, senhorita Helena. Mas o velho Rossum tinha a intenção de fazê-lo literalmente. Ele queria depor Deus de uma maneira científica. Era um grande materialista e, por isso, fazia tudo isso. Ele queria simplesmente provar que não havia a necessidade de um Deus. Por isso, ele cismou de fazer um homem tim-tim por tim-tim como nós.”
Helena é uma personagem que possui uma visão mais humanizada sobre os robôs, inclusive com ideias de revolução para libertá-los da escravidão.
Em Fábrica de Robôs, a metáfora da mecanização ilustra de forma vívida o temor de que a criação supere o criador. O livro discute as complexas relações entre humanos e autômatos, que oscilam entre promessas e ameaças de destruição do humano, trazidas pelas máquinas.
É importante ressaltar: essa obra é fundamental para todos os leitores que apreciam ficção científica. A escrita de Karel Čapek é brilhante ao abordar questões essenciais na relação entre homem e autômato, como o receio de que a criatura se volte contra seu criador, o medo de que a criatura se reproduza por conta própria e a preocupação de que o conhecimento sobre a criação da vida seja proibido, levando o homem à ruína.
Uma leitura possível é relacionar o levante dos robôs com a exploração do homem pelo homem nas fábricas, especialmente porque Karel Čapek escreveu este texto logo após a Revolução Bolchevique de 1917.
Portanto, leitores, leiam este livro, por favor. A edição da Hedra é simples, sem orelha, e o livro é curtinho, proporcionando uma leitura rápida.
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