Menina Má, de William March, é um clássico dos anos 50. Já foi adaptado para o teatro e o cinema, e este ano a Darkside Books nos presenteou (obrigada, senhor!) com uma edição maravilhosa.
Neste livro, conhecemos a pequena e adorável Rhoda. Com apenas 8 anos, ela é superindependente, organizada e cheia de talentos. Um exemplo de menina!
Apesar de ter tantas qualidades, a mãe, Christine, percebe que ela não é muito querida pelas outras crianças. Porém, só depois de um piquenique em que a filha participou, ela entende o porquê.
“Rhoda tem muitas qualidades espantosas para uma criança. Em primeiro lugar, tem uma coragem acima da média. É quase como se não sentisse medo: ela manteria a calma diante de coisas que fariam qualquer criança normal chorar ou sair correndo.”
O piquenique era para ser um dia agradável de lazer, mas acabou em tragédia. Claude, colega de Rhoda, se afogou no lago próximo ao local do evento. O pior de tudo é que talvez a tragédia não tenha sido acidental, pois o menino foi encontrado com vários ferimentos nas mãos e na cabeça. Mas o que nossa doce e meiga Rhoda teve a ver com isso?
Menina Má: psicopatia infantil
Claude e Rhoda concorreram a um concurso de caligrafia. O menino levou a melhor, e Rhoda não se conformou com a derrota. No dia da tragédia, Claude exibia com orgulho sua medalha, e, claro, Rhoda não deixaria barato. Muitas pessoas relataram que ela perseguiu Claude na tentativa de tomá-la.
Após a morte do menino, a mãe de Rhoda começou a notar a frieza com que a menina encarou tudo isso. Para ela, a morte do colega não significou nada. Juntando muitos pontos, Christine foi conhecendo mais da personalidade da filha e passando a vê-la com outros olhos.
“De repente, a violência lhe parecia um motor inescapável, talvez o mais importante de todos – algo que não poderia ser erradicado e que, feito uma erva daninha, medrava à revelia da bondade, à revelia da compaixão, à revelia do próprio amor. Às vezes, sua semente estava enterrada bem fundo; outras vezes, mais próxima da superfície – mas estava sempre ali, a postos, pronta para brotar […]”.
Deu para perceber que o contexto do livro é bem tenso, né? Principalmente por abordar um assunto tão delicado como a psicopatia infantil. Geralmente, não conseguimos enxergar as crianças como seres que possuem maldade, e é justamente isso que o livro nos apresenta. E nos faz refletir se já nascemos com essa maldade, se ela é transmitida hereditariamente ou se simplesmente nos tornamos pessoas más em determinado momento.
Menina Má é muito complexo e, embora o clima de tensão esteja presente, a leitura é rápida. Além de Rhoda, há alguns personagens secundários que adicionam uma boa dose de suspense e mistério, fazendo-nos pensar em outros temas polêmicos.
O relacionamento entre Rhoda e sua mãe, Christine, é central à trama, destacando as dificuldades em compreender e aceitar a verdadeira natureza da filha.
Não poderia finalizar essa leitura sem dizer orgulhosamente que Menina Má entrou para os meus favoritos. Um livro lindo (esteticamente falando) e muito instigante. É uma leitura indicada tanto para quem já curte o gênero quanto para quem não tem muito contato, como eu. O livro examina a natureza da violência e questiona a moralidade, levando o leitor a refletir sobre a verdadeira essência do ser humano.
E sobre a edição? As fotos falam por si! Até a próxima e boa leitura!
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