Meio Rei, primeiro volume da série Mar Despedaçado, cuja sequência já foi lançada, e estou ansiosa para continuar essa incrível, original e bem estruturada saga. Nesta fantasia épica de Joe Abercrombie, um autor de renome mundial, acompanhamos uma aventura repleta de ação e reviravoltas.
Yarvi é o filho caçula do rei de Gettland, Uthrik. Nascido com uma deformidade na mão esquerda, ele sempre foi tratado como alguém inferior, sendo constantemente menosprezado e humilhado pela própria família. Nunca participou de guerras, caçadas ou qualquer atividade que pudesse trazer orgulho ao pai ou ao irmão, que também não demonstrava afeto por ele. Yarvi cresceu com a certeza de que nunca ocuparia o Trono Negro. Ele se via como uma piada, um Meio Rei, e por isso dedicou-se a estudar para se tornar ministro, abdicando totalmente do trono e sonhando em construir uma família.
No entanto, seus planos mudam drasticamente com a terrível notícia do assassinato de seu pai e irmão. De aprendiz, ele se torna o rei de Gettland, e assim começa seu maior pesadelo.
“Eu fiz um juramento de me vingar dos assassinos do meu pai. Posso até ser meio homem, mas fiz um juramento por inteiro.”
Meio Rei: identidade e crescimento pessoal
Após jurar vingança pela morte do pai, Yarvi é pressionado a ir à guerra contra o acusado do crime. Contudo, a viagem reserva mais do que um simples derramamento de sangue; uma traição o leva a ser vendido como escravo. Quando a Última Porta (a morte certa) parece prestes a se abrir, a Mãe Guerra lhe apresenta um novo caminho e combustível: a vingança.
“Ele deixou o Pai Paz chorando entre as cinzas e se apressou até o abraço de ferro da Mãe Guerra.”
Confianças são quebradas; amigos tornam-se inimigos; inimigos tornam-se amigos. O ódio, a desesperança e o medo confrontam o amor, a esperança e o aço, pois, no final, o aço é sempre a resposta.
“O tolo bate, dissera ela. O sábio sorri, observa e aprende. Depois bate.”
Essa história não fica atrás de nenhuma das fantasias que já li. E, escrevo isso com certeza: foi a melhor que li até agora. Nunca uma fantasia épica me envolveu tanto quanto Meio Rei, provocando medo, expectativa, lágrimas nos olhos e até arrepios. Joe Abercrombie constrói a trama de tal forma que é impossível não se sentir emocionalmente ligado aos personagens e às cenas narradas, sejam de luta ou resistência.
Yarvi é um protagonista que cresce ao longo dos capítulos. Não é um personagem perfeito ou um herói convencional; apesar de tropeçar muitas vezes, aprende a se levantar e a aproveitar suas habilidades intelectuais e de persuasão, que são mais valiosas do que sua quase inexistente habilidade com o aço. Ele é um garoto que, devido à sua deformidade, vive se diminuindo e se escondendo, mas cresce até se tornar um guerreiro. E todo guerreiro utiliza da melhor forma a arma que possui. No caso de Yarvi, sua arma é sua mente.
“Não se pode esperar que todos os heróis sobrevivam a uma boa canção, vocês sabem.”
Outro aspecto que gostei muito em Meio Re foi a representatividade feminina na história. Todas as mulheres são fortes e desempenham papéis importantes no desenvolvimento da trama. Elas são temidas e, em momento algum, têm sua força diminuída ou são subestimadas pelos homens. Isso me agradou, e pelo que já li sobre o segundo volume, “Meio Mundo”, essa representatividade será ainda mais explorada.
O final de Meio Rei me fez abraçar o livro e abrir um sorriso e perguntar aos céus por que não o li antes. Agora quero ler tudo que o autor escreveu, imediatamente!
A edição é padrão da editora, confortável para a leitura, e neste livro não encontrei erros de revisão. A capa representa bem o enfoque da história e dois de seus personagens.
Para quem gosta do gênero, ou até mesmo para quem deseja adentrar esse mundo pela primeira vez, esta é uma dica preciosa! E, vou te contar, não fica nada atrás das obras de George R. R. Martin.
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