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Resenha || Adágios | José Vieira

por Nilda de Souza
Adágios,  de José Vieira, é um livro composto por cinco contos: O Milagre de Adelaide, A Tristeza de Josefina, As Lágrimas de Guilhermina, As Vivências de Eva e O Triste Fado de Graça. Em cada uma dessas histórias, as protagonistas são mulheres, e os temas centrais abordam questões profundas como amor, família, violência doméstica, morte, pobreza, abuso e o papel da mulher na sociedade.

Um elemento bastante marcante ao longo do livro é a presença da religiosidade. Em algumas ocasiões, a fé é apresentada de forma crítica, mas o destaque maior recai sobre sua manifestação como um pilar de fé e espiritualidade. A sensação que fica é de que essa religiosidade está presente até mesmo no estilo narrativo da autora, influenciando como as histórias são contadas. Alguns contos, inclusive, têm uma abertura que parece evocar essa atmosfera espiritual.

O ano de 1935 de Nosso Senhor Jesus Cristo tinha começado há poucos meses.

As histórias de Adágios são ambientadas em um cenário rural, numa época distante, com menções a datas como 1935. O contexto de aldeia e campo torna os dramas vividos pelas personagens femininas ainda mais intensos. Esse foi um aspecto que apreciei bastante: a ambientação. Se a vida das mulheres já é difícil hoje, é possível imaginar o quão mais desafiadora ela era no passado.

Minhas impressões de leitura de Adágios

Fui para essa leitura sem expectativas, sem ter lido resenhas ou conhecer a autora. O primeiro conto me empolgou, já que os temas abordados são interessantes, e eu, particularmente, gosto de histórias que destacam personagens femininas.

No entanto, minha empolgação foi diminuindo à medida que não consegui me importar com as protagonistas. Não sei exatamente por quê, mas acredito que tenha a ver com a expressividade da narrativa. As histórias são apresentadas de forma muito direta, sem um trabalho literário mais profundo. Li, em algum lugar (acho que foi Afrânio Coutinho), que literatura consiste na transfiguração — transformar o real em um elemento literário, o que os críticos chamam de conteúdo estético. Adágios, infelizmente, parece não conseguir ultrapassar essa barreira do real, deixando as histórias em um nível muito literal.

Concluindo, acredito que os dramas e infortúnios vividos pelas personagens teriam um impacto maior no leitor se houvesse um trabalho mais refinado na escolha e lapidação das palavras. No entanto, é importante destacar que essa foi minha experiência pessoal de leitura. Adágios tem seu valor, especialmente pelos temas relevantes que aborda.

Sobre a edição: Adágios é um livro simples, mas a capa chama a atenção, principalmente por conta dos pássaros. Embora não tenha certeza, acredito que sejam andorinhas.

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10 comentários

Silviane Casemiro dezembro 13, 2017 - 5:50 pm

Ooi! De começo fiquei super interessada, mesmo não gostando de contos. Acho que por se tratar de uma leitura que fala sobre mulheres; Mas eu não consigo gostar de nenhuma obra que não me conecte com os personagens e como você citou que não conseguiu isso com essa leitura e acabei até desistindo de ir procurar algo mais sobre esta obra.

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Nilda de Souza dezembro 15, 2017 - 10:55 pm

Eu gosto de personagens que conquiste o leitor, não foi o caso das protagonistas dos contos desse livro. Bom, mas essa é só minhas impressões de leitura. Talvez se você ler tenha outra impressão.
Beijos!

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Ana Caroline dezembro 14, 2017 - 1:28 pm

Olá, tudo bem? Nossa é complicado quando não conseguimos conectarmos com personagens. Se isso já é difícil em uma história longa, que dirá m um conto. Acho o tema importantíssimo, porém se não houver uma conexão com os protagonista, fica difícil de até você querer ler porque também teremos 500 outros livros tratando do mesmo tema. Ainda estou pensando se lerei futuramente ou não, mas isso não anula sua ótima e sincera resenha!
Beijos,
diariasleituras.blogspot.com.br

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Nilda de Souza dezembro 15, 2017 - 10:56 pm

Obrigada pelo comentário. Sim, sim anota para uma leitura no futuro.
Beijos

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Falkner Moreira dezembro 14, 2017 - 9:13 pm

É uma grande pena quando a gente não se envolve com os personagens ou com a trama… Eu, particularmente, ainda tenho um problema que é não conseguir me envolver com contos /estorias muito curtas. São raros os contos que realmente me deixam fisgado.

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Nilda de Souza dezembro 15, 2017 - 10:57 pm

Eu adoro contos. Foi por meio deles que acabei me apaixonando pela literatura.

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Bárbara Prado dezembro 17, 2017 - 8:03 pm

Eu amo livros de contos com esses temas, e por serem com protagonistas mulheres eu me interessei mais ainda… Uma pena que a leitura não tenha fluído tanto pra você, vou pensar se vou colocar ele na wishlist ou não…
Bjs

https://blog-myselfhere.blogspot.com.br/

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Letícia Delicor dezembro 17, 2017 - 8:51 pm

Oii
achei legal os contos terem protagonistas mulheres. Livros de contos são na maioria das vezes leituras complicadas para mim. Uma pena que a leitura não foi tão boa para você!
Bjus

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Debyh dezembro 20, 2017 - 12:53 pm

Olá,
O ruim de livros com linguagens complexas, ao menos pra mim, é manter o foco. Tenho uma tendencia enorme em livros do gênero em me perder e não me importar com a história já que não está prendendo minha atenção. Mas de qualquer jeito gosto de ler dramas, talvez esse não seja tão interessante quanto outros que li, quem sabe um dia.

Debyh
Eu Insisto

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cila-leitora voraz dezembro 20, 2017 - 5:06 pm

Oi Nilda, sua linda, tudo bem?
Que pena que você não conseguiu se conectar com as protagonistas. Eu confesso que não costumo ler livros de contos, gosto mais de histórias únicas. E com sua ressalva ainda, percebo que não funcionaria para mim.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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