O Nome em Seu Pulso é uma distopia científica que se destaca de outras leituras do gênero que fiz este ano. Ao contrário de muitas distopias, não encontramos uma iminente rebelião; a narrativa não nos dá uma referência temporal exata, situando-se em um futuro distante. Nesse universo, a leitura das obras de Shakespeare é rigorosamente proibida, lembrando elementos de Fahrenheit 451.
A construção do mundo por Helen Hiorns é impressionante. Embora a sociedade pareça harmoniosa e similar à nossa, ela é fundamentada na crença de que cada ser humano possui uma alma gêmea. Isso poderia soar como algo positivo, já que muitos acreditam ou desejam acreditar em almas gêmeas no mundo real, não é mesmo?
Entretanto, em O Nome em Seu Pulso, o nome da alma gêmea é gravado no pulso das crianças em algum momento da vida, e essa informação é oculta por uma pulseira, acessível apenas ao portador. O problema central é que as pessoas acreditam que esse nome é inato, como se fosse uma marca na alma, uma escolha que transcende a vontade humana.
Quando os jovens atingem uma certa idade, podem começar a procurar por suas almas gêmeas, mas devem se relacionar exclusivamente com essa pessoa. Embora haja possibilidade de erro, devido à repetição de nomes, geralmente a identificação é correta.
Corin, a protagonista, é irônica por natureza e já quebrou algumas regras. Ela inventou um nome diferente do que está em seu pulso para poder namorar outros garotos. Descrente do conceito de alma gêmea, Corin busca informações na internet sobre como era a sociedade antes da imposição dos nomes.
Além de sua descrença, Corin enfrenta sérios problemas familiares: seu pai faleceu, sua mãe se isolou em um mundo próprio, e sua irmã mais velha, Jacinta, sofre de depressão após um relacionamento com alguém que não era sua alma gêmea. Embora inicialmente tenha desprezado Jacinta, a personagem passa por uma grande reviravolta.
Corin também se preocupa com o aumento de suicídios entre jovens, que parecem estar relacionados ao nome no pulso. A situação se complica quando ela se aproxima de Colton, um colega que pode ver a verdadeira essência de Corin.
As experiências de Corin com a depressão de sua irmã e os suicídios entre jovens destacam a importância da saúde mental e as consequências de uma sociedade que não permite a expressão de sentimentos e dúvidas.
O nome em seu pulso: identidade e autenticidade
Fiquei realmente impressionado com O nome em seu pulso, que provoca várias reflexões. O livro demonstra que as tentativas de criar uma sociedade pacífica são falham, e que a ideia de uma sociedade perfeita é ilusória. A crença de que cada pessoa possui uma alma gêmea, determinada por um nome gravado no pulso, levanta questões sobre a natureza do amor e da escolha. A ideia de que o amor é predefinido contrasta com a liberdade de escolha.
Corin é uma personagem forte, rebelde e curiosa, que busca sua própria verdade. A busca de Corin por sua verdadeira identidade e a rejeição do nome imposto refletem a luta pela autenticidade em um mundo que dita regras rígidas sobre relacionamentos.
Com um enredo marcante, O nome em seu pulso instiga a curiosidade sobre os segredos daquela sociedade que acredita em almas gêmeas. O final é aberto, e procurei informações sobre uma possível continuação, mas não encontrei notícias a respeito.
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