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[Resenha] Fique onde está e então corra

por Nilda de Souza

 Fique onde está e então corra, de John Boyne, Editora Seguinte, nos deixa com vontade de sair pelo mundo promovendo a paz entre os povos, afirmando a todos que a guerra não é a solução. Que a guerra é desumana. Que ela brutaliza os homens. E que todos saem feridos.

A narrativa é ambientada em Londres e inicia no dia 28 de julho, quando eclode a Primeira Guerra Mundial, coincidentemente o aniversário de cinco anos de Alfie Summerfield.

O narrador, em terceira pessoa, descreve como foi esse dia, que deveria ser festivo, mas que contou com a ausência da maioria dos amigos de Alfie. Os adultos presentes pareciam preocupados. Alguns acreditavam que a guerra acabaria antes do Natal. No entanto, durou longos quatro anos.

Alfie ainda não entendia completamente o que estava acontecendo; mesmo assim, aquela data ficou marcada para sempre. Ele, sua família e todos os moradores da rua Danley tiveram suas vidas transformadas.

No dia seguinte ao aniversário, o pai se alistou para o combate. Em seguida, a família Janáček, por serem poloneses, foi enviada para a prisão. O morador do número 16, Joe Patience, não se alistou e, por isso, foi considerado objetor — rotulado de covarde e enviado para a prisão.

Alfie quase não ia mais à escola, apenas nas segundas-feiras, quando tinha aula de história, que era a sua favorita. Agora, ele passava os dias engraxando sapatos na estação King’s Cross. Sua mãe começou a fazer vários trabalhos: lavar, costurar e cuidar de enfermos. Quase não dormia mais.

No início da guerra, o pai escrevia frequentemente, mas, após quatro longos anos, Alfie já não recebia mais notícias sobre seu paradeiro.

Fique onde está e então corra: resiliência

Trecho de uma das cartas do pai de Alfie:

“Meu amor, ontem à noite me mandaram a campo com uma maca para recolher os mortos. Foi porque eu peitei o sargento. Ele não bate bem da cabeça, se você quer saber. Recolhi seis corpos — horríveis de ver, todos eles. Mas os trouxe de volta e sobrevivi. Só um em cada cinco maqueiros sobrevive à noite. Eles quase sempre mandam os objetores, não a gente. Eu trouxe um moleque de volta, Margie, e o joguei com os outros corpos. Eles estavam empilhados como se fossem lixo. Quando me afastei, vi que ele abriu um dos olhos.”

A mãe sempre dizia a Alfie que o pai estava em uma missão secreta, por isso ele não podia mandar notícias. Até que um dia, o menino descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas as suas forças para trazê-lo de volta para casa.

Fique onde está e então corra é um livro emocionante, como já mencionei. Mas devo dizer que O menino do pijama listrado (do mesmo autor) é mais tocante.

Alfie parece ser bem mais maduro do que se espera de crianças de sua idade. Creio que isso se deve ao fato de o autor ter optado pela narração em terceira pessoa. É um narrador adulto contando a história de uma criança. Eu preferiria que a perspectiva fosse pela visão da criança. O narrador é sabichão; sabe até os pensamentos do senhor Asquith, o cavalo.

Fique onde está e então corra nos perturba e nos emociona porque acompanhamos as consequências da guerra na vida das pessoas: os soldados que foram mutilados — física ou psicologicamente; as famílias que perderam filhos e maridos; a miséria resultante, com a falta de alimentos e trabalho. A narrativa destaca a inocência da infância em contraste com a brutalidade da guerra, questionando a ideia de que a guerra é uma solução. Além disso, o livro aborda temas como a resiliência, o amor familiar e a busca pela verdade, à medida que Alfie tenta entender a situação de seu pai e lutar para trazê-lo de volta. Essa jornada emocional reflete a esperança de um futuro mais pacífico em meio ao caos.

Ah, uma curiosidade: o nome do livro está relacionado a Georgie, o pai de Alfie. Então, se você quiser descobrir do que se trata, terá que ler.

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