Em O Lado Mais Sombrio, Howard recria com genialidade o País das Maravilhas, criado por Lewis Carroll. Os personagens deste novo mundo são bizarros, com plantas carnívoras e um coelho branco que, na verdade, é “puro osso”, misturando diversos animais. Não deixando de citar os personagens clássicos, conhecemos também a lagarta, o chapeleiro maluco, o famoso gato Cheshire e a malvada rainha de copas; todos eles ganham uma repaginada tanto no visual quanto no psicológico.
Alyssa Gardner é uma linda e estranha garota. Isso porque seus amigos tiram sarro de sua cara por ser descendente de Alice Liddell, a personagem criada por Lewis Carroll em “O País das Maravilhas”, com o coelho branco e o chapeleiro maluco.
Para deixar bem claro, Liddell é a tataravó de Alyssa. Desde cedo, a menina ouve plantas e insetos, o que a leva à loucura. Para calar essas vozes, ela captura os insetos e cria quadros exuberantes. Cada quadro tem um toque estranho e belo, retratando um mundo diferente; são verdadeiras obras de arte. Com muitos problemas, Alyssa ainda convive com a dura realidade de sua mãe, que há alguns anos foi internada em um hospício pelos mesmos motivos que fazem a menina capturar os insetos.
E não para por aí! A jovem é apaixonada pelo seu melhor amigo, Jeb, que está em outro relacionamento e a vê apenas como sua “irmãzinha”. Com quase tudo a definir na sua vida, Alyssa tem que conviver com uma terrível maldição que aflige as mulheres de sua família e encobre seu lado negro. Vale lembrar que sua mãe ficou completamente louca por conta desta maldição.
Na tentativa de salvar sua mãe e descobrir as verdades por trás de sua linhagem, Alyssa é arrastada para uma aventura no País das Maravilhas, na tentativa de consertar os erros deixados por sua tataravó. Ela está decidida a quebrar essa maldição, mas seus planos começam a dar errado quando arrasta também o seu melhor amigo, Jeb, para o País das Maravilhas. Os dois enfrentam alguns desafios até encontrarem Morfeu, o sexy intraterreno (ser místico do submundo), que assola os pesadelos e sonhos de Alyssa há algum tempo.
A capacidade de sedução de Morfeu é tamanha que Alyssa traz à tona todas as suas lembranças, bloqueadas pela sua mãe para sua proteção. Só então ela percebe que, desde a infância, Morfeu era seu melhor amigo e estava ensinando tudo sobre aquele lugar. O problema é que ele tem planos para a garota e fará o que for preciso para que ela cumpra seu destino. Alyssa fica cada vez mais confusa, e Jeb tem a difícil tarefa de lembrá-la de qual é o seu verdadeiro eu. Será que Jeb fará Alyssa desistir do seu lado sombrio?
O lado mais sombrio: loucuras e sanidade
Alyssa é cativante; sua personalidade é tão forte quanto a de sua predecessora. Com isso, ela ganha um brilho único, uma história própria. Jeb é o cara! Ele é carinhoso e protetor. Mesmo sendo rejeitado por Alyssa em alguns momentos, não desiste de trazê-la de volta. É nesse mundo que ele descobre seus verdadeiros sentimentos por ela.
Preciso dedicar um parágrafo a Morfeu? Com certeza! Em O Lado Mais Sombrio, ele é um dos principais personagens da trama, pois comanda a maior parte do enredo. Quando ele entra em cena, rouba completamente o coração de Alyssa e também dos leitores.
Alyssa sente-se confusa, protegida e manipulada quando ele está por perto. É exatamente isso que ele faz; seu jeito sexy e dominador esconde seu lado sombrio e sacana.
Durante todo a leitura de O Lado Mais Sombrio, meus sentimentos por ele oscilavam entre amor e ódio. Seu brilho próprio faz com que ele seja independente, apagando até mesmo o brilho de outros personagens como Jeb.
Quanto mais escrevo, mais extasiada fico para a leitura do segundo livro. A autora deu vida a cada personagem e conduziu maravilhosamente bem o enredo psicológico de cada um. O rumo que a trama tomou é surpreendente, colocando-o na lista dos meus favoritos e desejando que Howard continue nessa perspectiva tão brilhante.
Não espere por um livro somente de romance; ele é sombrio, louco e estranho, mas nos vícia a cada página. A capa e a diagramação são belíssimas, e os detalhes são um capricho à parte.
A tamanha inspiração em Tim Burton e em Lewis fez desta obra uma feliz releitura, sem imitações ou qualquer índice de comparações. Recomendo a leitura, especialmente para os apaixonados por releituras, com um misto de mistério e personagens sombrios.
“Ainda vejo as flores se metamorfoseando em monstros perante nossos olhos. Como disse Jeb, este não é o País das Maravilhas que Lewis Carroll criou.”
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