Esperar pela continuação de Apenas um dia foi uma tortura (resenha aqui). Queria muito saber o que aconteceu para Willem abandonar Allyson depois de uma noite perfeita (ou quase perfeita; dormir no chão não rola para mim). Mas, graças aos deuses literários, Apenas um ano já foi lançado, já li e acalmei meu coração curioso.
Apenas um ano é a continuação de Apenas um dia (todos já sabem). Quem acompanha o trabalho de Gayle Forman sabe que ela gosta de dividir as histórias de seus protagonistas em dois livros, com cada personagem contando sua versão dos fatos. Foi assim com Se eu ficar e Para onde ela foi (leiam as resenhas).
Em Apenas um dia, Allyson, vulgo Lulu, viaja para a Europa em um tour cultural. Lá, ela conhece Willem, um holandês e ator amador. Ele a convida para passarem um dia em Paris. Os dois têm um dia perfeito e uma noite mais que perfeita. Só que, ao amanhecer, Willem simplesmente desaparece. Allyson volta para os Estados Unidos desolada.
Em Apenas um ano, descobrimos o que realmente aconteceu. Por que Willem sumiu? Foi proposital? Aconteceu algo grave? O que ele fez em um ano? A narrativa, gradualmente, vai respondendo a essas perguntas.
Bom, foi proposital e não foi. Willem estava cheio de problemas e carregava dores. Viajar pelo mundo era sua forma de fugir de si. Na manhã seguinte à noite perfeita, Willem saiu para comprar café da manhã, mas as coisas deram errado. Ele se envolveu com pessoas erradas e acabou no hospital, desorientado. Quando voltou, Allyson já havia partido.
A partir desse ponto, a narrativa de Apenas um ano mergulha na vida de Willem durante um ano. Ele volta para a Holanda e, assim, descobrimos por que ele estava viajando pelo mundo há tanto tempo, os motivos que o levaram a sair da faculdade, a ter pouco contato com a mãe e a se afastar dos amigos.
A vida de Willem não estava nada organizada quando ele conheceu Allyson. Ele se interessou pela garota bacana de olhos grandes, mas não pegou nenhum dado dela: nem endereço, nem o nome verdadeiro. Nada.
Apesar disso, decide que quer encontrá-la. Com a ajuda dos amigos, ele faz várias buscas, mas todas em vão. Enquanto tentava encontrar Allyson, Willem acaba se encontrando. E esse é o ponto bacana do livro.
Em Apenas um dia, gostei do fato de Gayle ter incluído muitas referências às peças shakespearianas, além de descrever vários pontos de Paris. Foi uma viagem literário-cultural para mim. Já em Apenas um ano, Gayle foca mais no crescimento pessoal de Willem.
Apenas um ano: autodescoberta
Vemos, então, um garoto se transformando em um homem. Willem tinha uma visão limitada da sua vida e das pessoas ao seu redor. Ao longo da narrativa, ele amadurece e percebe que as coisas são mais complicadas do que parecem, além de entender que nem tudo gira em torno de si. Principalmente, ele assume o controle da própria vida.
Por fim, acho que Gayle Forman consegue criar personagens masculinos mais interessantes que os femininos. Gostei mais da construção de Willem do que da Allyson. O protagonista, Willem, passa por um intenso processo de autoconhecimento, enfrentando suas inseguranças e compreendendo melhor seus sentimentos e motivações.
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