Em Pulp, da coleção L&PM Pocket, Bukowski faz uma homenagem ao gênero Pulp Fiction, que inclusive já mencionei aqui no blog. Pulp foi o último livro escrito pelo autor.
Sempre quis ler Bukowski, o velho safado, pois leio críticas positivas sobre suas obras. Também sempre ouvi falar o quanto o autor não suportava a ideia de viver dentro das regras da sociedade. Confesso que isso me atraiu ainda mais para suas obras.
Lendo sua biografia, descobri que Bukowski passou boa parte de sua vida adulta andando por bares e se envolvendo em brigas. Bukowski nasceu na Alemanha, mas viveu boa parte de sua vida em Los Angeles, onde suas obras são ambientadas, refletindo muito sobre a vida do próprio autor.
Mas não pense que a Los Angeles de Bukowski é cheia do brilho de Hollywood ou dos tapetes vermelhos do cinema. Não, a Los Angeles de Bukowski expõe a parcela da sociedade americana que vive à margem; uma sociedade que trabalha por um salário medíocre e que se afunda cada vez mais no consumo e no poder da mídia massificadora.
Pulp Fiction — também chamada de Pulp Era — surgiu por volta dos anos 20 do século XX, em um período de intensa produção e consumo de histórias de terror e fantasia.
O gênero Pulp era considerado uma subliteratura, pois suas narrativas não eram vistas como de boa qualidade, segundo a sociedade literária. No entanto, as revistas desse gênero eram muito populares, pois podiam ser compradas por apenas alguns centavos de dólar.
Pulp traz uma história simples, mas com uma trama intrigante, incorporando elementos surreais como alienígenas e símbolos enigmáticos, entre eles a morte. Em Pulp, temos o detetive particular Nick Belane. Los Angeles é o cenário. Belane tem um escritório decadente, sujo e com goteiras, além de estar com o aluguel atrasado. Ele praticamente não tem trabalho, mas um dia é contratado por uma mulher estonteante que se apresenta como Dona Morte. Esta cliente misteriosa o contrata para procurar Céline, outro personagem peculiar. Na verdade, todos os personagens têm características muito próprias.
Após começar a trabalhar para Dona Morte, outros trabalhos investigativos surgem para o detetive Belane. Em um desses casos, ele é contratado por um marido para investigar uma possível traição da esposa. Em outro, deve encontrar o Pardal Vermelho, cuja identidade ele nem sabe se é uma pessoa ou um pássaro. Em outra situação, precisa descobrir uma possível conspiração alienígena.
Ao longo da trama, percebemos que há ligações entre todos os casos investigativos. O curioso é como se dá a investigação de Belane; parece que ele não segue nenhum critério profissional. Na verdade, ele enrola os clientes, dizendo que as investigações vão bem, quando, na verdade, não tem novidades. Os casos são resolvidos quase por pura sorte.
Gostei muito de ler Pulp. É uma leitura que oferece um pouco de tudo: linguagem debochada e irreverente. O humor e a ironia são elementos bem trabalhados, conferindo qualidade aos aspectos inverossímeis da narrativa. Os elementos surreais podem ser interpretados como uma metáfora da morte de Bukowski. Além disso, é uma leitura super rápida e muito divertida.
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Pulp
Charles Bukowski
Título Original: Pulp
Editora: L&PM Editores
Número de Páginas: 175
Reimpressão Ano: 2015
Avaliação: ★★★★
Sinopse: A saga de Nick Belane poderia até ser igual a de tantos outros detetives de segunda categoria que perambulam pelas largas ruas de Los Angeles. Mas aqui, mulheres inacreditáveis cruzam pernas compridas e falam aos sussurros, principalmente uma que atende pelo nome de Dona Morte.