Resenha || Mentiras que confortam | Randy Susan Meyers

O tema central de As mentiras que confortam gira em torno das complexas relações familiares e os impactos das mentiras nas vidas das personagens. A narrativa explora os dilemas emocionais enfrentados por cada mulher, suas esperanças e desilusões, além da luta pela verdade e pela busca do que é melhor para a criança, Savannah. O livro também aborda questões como a maternidade, a infidelidade e as consequências das decisões tomadas, destacando como as mentiras podem destruir relacionamentos e afetar profundamente a vida das pessoas envolvidas.

Tia está há quase um ano se relacionando com Nathan, um homem casado que não dá esperança de largar a família para ficar com ela. As coisas entre os dois sempre foram sugestivas; quase não havia brigas ou desentendimentos por conta desse “detalhe”. Tudo muda quando a jovem de 24 anos descobre que está grávida, e uma nova esperança renasce. Ela decide contar para Nathan e, finalmente, tê-lo ao seu lado.

“Pensou que, se não falasse nada, silenciaria a dor do coração.”

Nada acontece como Tia esperava. Nathan fica desesperado e desconfortável ao saber que ela carrega uma criança não desejada. Para lidar com a situação, ele pede que ela faça um aborto, argumentando que isso estragaria a boa relação que eles têm. Tia sabe que não pode fazer isso e decide colocar um ponto final na relação, percebendo que ele só trouxe falsas esperanças.

Juliette, uma mãe e esposa exemplar, casada há anos com Nathan, nunca suspeitou que seu marido tinha um caso, já que ele sempre foi maravilhoso em vários aspectos. Uma mulher determinada e independente, sua vida desmorona quando Nathan revela seu affair, jurando que nunca mais repetiria o erro. Para não perder tudo que conquistou, Juliette perdoa Nathan e tenta encontrar forças para confiar novamente.

Caroline, por outro lado, é casada e não consegue ter filhos. Apesar de estar satisfeita com sua vida, não compreende a pressão que seu marido exerce para se tornarem pais. Eles decidem adotar uma criança, nomeando-a de Savannah.

Cinco anos se passaram…

“Uma Ação, uma Reação e uma Decisão Podem Mudar Tudo.”

Tia se arrepende amargamente de ter colocado a filha para adoção, conformando-se em receber uma foto da pequena Savannah anualmente, em seu aniversário. O desejo de ser mãe fala mais alto, e ela reúne todas as fotos, enviando para o antigo endereço de Nathan, na esperança de que ele conheça a filha e lamente não participar de seu crescimento.

Juliette e Nathan conseguiram reconstruir suas vidas e estabelecer a confiança. Eles se mudaram e vivem em uma casa boa, com os negócios indo bem na empresa de cosméticos. Contudo, o pesadelo volta: Juliette deve encarar as mentiras contadas por Nathan.

Mentiras que confortam têm quatro visões diferentes: Nathan, Tia, Juliette e Caroline. Cada capítulo é narrado a partir de uma perspectiva, selando o destino das três mulheres, que se reencontram devido a Savannah, que não tem culpa alguma. Tia vê sua vida desmoronando novamente, pois Nathan acreditava que ela havia feito o aborto. Juliette se sente enganada e crê que Savannah tem o direito de conhecer o pai, irmãos e avós. Caroline, por sua vez, busca ser uma mãe melhor, pressionada por seu marido.

“É melhor ouvir uma verdade dolorosa do que uma mentira reconfortante. No final, a verdade vai acabar vindo à tona e vai machucar muito mais do que se tivesse sido contada antes.”

O enredo de Mentiras que confortam é cercado por mentiras que geram problemas, destruindo ainda mais a vida dessas mulheres. A cada mentira, a situação se agrava, e isso me impulsionou a querer descobrir o final do livro.

O início é descritivo, situando o leitor sobre o que acontece e o que se passa na mente de cada personagem. Quando as histórias se cruzam, percebemos que as mães sempre buscaram o melhor para Savannah, mesmo que isso envolvesse mágoas e assuntos não resolvidos, intensificando o clima tenso. É natural sentir irritação pelas mentiras e questionar qual seria a melhor vida para Savannah.

A linguagem de Randy é fluída, motivando a compreensão dos motivos por trás das mentiras, seja para se proteger ou para não perder quem amavam.

Mentiras que confortam por ser uma obra delicada e complexa, é difícil se posicionar a favor de alguém. O final surpreende e satisfaz, a ponto de eu passar dias me colocando no lugar da pequena Savannah. Recomendo a leitura para quem aprecia livros sobre conflitos familiares que fogem da fantasia que costumamos ler.

” – Não acho que você perde uma pessoa por amá-la da maneira certa. – Ela pressionou as mãos em suas costas. – Somos uma família. Nos tornamos uma família no dia em que seguramos Savannah em nossos braços. Esse milagre nunca vai acabar. Talvez agora tenhamos mais um pouco de mágica para agradecer. Finalmente, está tudo esclarecido, e podemos ser uma família sem precisarmos nos apoiar na força das mentiras. ”