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Resenha || Para Continuar | Felipe Colbert

por Nilda de Souza

Em Para Continuar, os protagonistas são os jovens Leonardo e Ayako. Léo é um rapaz com saúde frágil, por isso levar uma vida cheia de limitações, com seus pais sempre preocupado com ele. No entanto, o leitor não pense que Léo é um personagem resmungão. Ele tem ótimo senso de humor. E ainda conta com o amigo Penken, que também leva a vida de forma muito leve.

Já Ayako é uma garota de origem japonesa, “com olhos-de-personagem-de-mangá“, que encantou Leonardo à primeira vista. Ayako vive com o avô. Ela perdeu os pais de forma trágica.  Os dois, Ayako e o avô, tem uma loja de luminárias. Mas os bens mais preciosos não são vendidos na loja. Esses bens se encontram do porão. Não, não, não podem ser vendidos. E somente Ayako e o avô podem saber o que há em baixo da loja.

O leitor já pode perceber, pela capa, que Para continuar faz referência à cultura oriental, mais especificamente à japonesa. E essa capa é belíssima, não é mesmo? Pois é, as lanternas orientais têm um papel significativo na narrativa. E, para mim, esse foi o ponto alto do livro, pois as lanternas dão, ao romance, traços mágicos e, ao mesmo tempo, poéticos. Foi pelo significado das lanternas e pela capa que eu dei quatro estrelas no livro.

A construção da narrativa de Para continuar é bem simples, sem grandes pontos de tensão. O conflito ocorre quando Leo se aproxima de Ayako e, encontra no personagem Ho, um antagonista. E Ho conta com a ajuda de Kong para rivalizar com Léo. A ambientação da história é em São Paulo, sendo o bairro da Liberdade o cenário que mais parece.

Ho e Kong são jovem chinês que vieram para o Brasil depois de perderam as famílias de forma violente. A família de ambos fazia parte da tríade chinesa de Pequim. No Brasil, Kong passa a exercer atividades ilegais. Ele é extremamente violento. Esse ponto lembra muito filmes chineses que sempre tem a máfia que cobra propinas dos lojistas.

Ho, na verdade, é manipulado pelo primo. Ho tem um tipo de deficiência mental (procurei um termo correto para usar, o mais próximo que encontrei foi esse. Alguém conhece o termo certo?). Ho é ingênuo, com dificuldade para diferenciar o certo do errado. Acho que ele confunde o sentimento fraterno que há entre ele e Ayako. Ele se diz apaixonado por Ayako, ou acha que é por isso não quer que Leo se aproxime dela.

Para continuar não é um romance encantador. Ele tem uma calma típica de cultura japonesa. A relação do avô com Ayako é de uma beleza, que nos faz querer ter uma igual. Tem ainda a questão da doença de Léo, que é tratada de forma muito real, mas sem dramas tenha por objetivo só emocionar o leitor.

O livro ainda traz a questão da exploração de pequenos lojistas por pessoas que dizem que irão protegê-las. Um pouco da máfia chinesa. Eu adoro ler livros que exploram outras culturas, então fiquei encantado com o significado das lanternas.

Para continuar é um livro para ser lido aos pouco, com toda calma, prestando atenção nos detalhes, pois o amor tem várias formas. E no final vemos uma dessa forma impressa na relação de Ho, Ayako e Leonardo.

Para Continuar

Felipe Colbert

Gênero: Literatura Nacional
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 224
Ano: 2015
Avaliação: ★★★★

* Livro cedido em parceria com a editora.
Sinopse:Envolver-se com a jovem Ayako é a oportunidade perfeita para Leonardo César esquecer a sua vida tediosa e perigosamente limitada, tudo por culpa do seu coração defeituoso. Enquanto isso, com a ajuda de seu avô, Ayako tem a difícil missão de manter inacessível um porão de dimensões que vão além da loja de luminárias que ela gerencia, repleto de milhares de lanternas orientais, cujo mistério envolve os habitantes do bairro da Liberdade. A partir dos crescentes encontros entre Leonardo e Ayako, uma nova lanterna surgirá para os dois. Eles terão que protegê-la com afinco, ou tudo que construíram juntos poderá desaparecer a qualquer momento. O que ninguém conseguiria prever é que Ho, um jovem chinês também apaixonado por Ayako, colocaria em risco o futuro desse objeto. E com ele, o sentimento mais importante que dois seres humanos já experimentaram.

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