Em Para Continuar, os protagonistas são os jovens Leonardo e Ayako. Léo é um rapaz com saúde frágil, o que o leva a ter uma vida cheia de limitações, com seus pais sempre preocupados com ele. No entanto, não se deve pensar que Léo é um personagem resmungão; ele possui um ótimo senso de humor e conta com o amigo Penken, que também leva a vida levemente.
Ayako é uma garota de origem japonesa, “com olhos de personagem de mangá”, que encantou Leonardo à primeira vista. Ela vive com o avô, após ter perdido os pais de forma trágica. Juntos, Ayako e o avô têm uma loja de luminárias, mas os bens mais preciosos não estão à venda. Esses tesouros se encontram no porão, e somente Ayako e o avô sabem o que há ali.
O leitor pode perceber, pela capa, que Para Continuar faz referência à cultura oriental, mais especificamente à japonesa. A capa é belíssima, não é mesmo? As lanternas orientais têm um papel significativo na narrativa, e esse foi o ponto alto do livro para mim, ao conferirem ao romance traços mágicos e poéticos. Foi pelo significado das lanternas e pela capa que dei quatro estrelas ao livro.

A construção da narrativa de Para Continuar é bastante simples, sem grandes pontos de tensão. O conflito surge quando Leo se aproxima de Ayako e encontra no personagem Ho um antagonista, que conta com a ajuda de Kong para rivalizar com Léo. A ambientação da história é em São Paulo, sendo o bairro da Liberdade o cenário mais destacado.
Ho e Kong são jovens chineses que vieram para o Brasil após perderem suas famílias de forma violenta. A família de ambos fazia parte da tríade chinesa de Pequim. No Brasil, Kong começa a exercer atividades ilegais e é extremamente violento. Esse aspecto lembra muito os filmes chineses que frequentemente retratam a máfia cobrando propinas dos lojistas.
Ho, na verdade, é manipulado pelo primo e apresenta um tipo de deficiência mental (procurei um termo correto para usar; o mais próximo que encontrei foi esse. Alguém conhece o termo mais adequado?). Ele é ingênuo e tem dificuldade em diferenciar o certo do errado, confundindo o sentimento fraterno que existe entre ele e Ayako. Ele se diz apaixonado por ela e, por isso, não quer que Léo se aproxime.
Para Continuar não é um romance encantador. Ele possui uma calma típica da cultura japonesa. A relação do avô com Ayako é tão bela que nos faz desejar ter uma igual. A doença de Léo é tratada de forma realista, mas sem dramas que tenham apenas o objetivo de emocionar o leitor.
O livro também aborda a exploração de pequenos lojistas por pessoas que afirmam que irão protegê-los, trazendo um pouco da máfia chinesa. Adoro ler livros que exploram outras culturas, e fiquei encantado com o significado das lanternas.
Para Continuar é um livro para ser lido devagar, com calma, prestando atenção nos detalhes, pois o amor se apresenta de várias formas. No final, vemos uma dessas formas impressas na relação entre Ho, Ayako e Leonardo.
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Para Continuar
Felipe Colbert
Gênero: Literatura Nacional
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 224
Ano: 2015
Avaliação: ★★★
Sinopse: Envolver-se com a jovem Ayako é a oportunidade perfeita para Leonardo César esquecer a sua vida tediosa e perigosamente limitada, tudo por culpa do seu coração defeituoso. Enquanto isso, com a ajuda de seu avô, Ayako tem a difícil missão de manter inacessível um porão de dimensões que vão além da loja de luminárias que ela gerencia, repleto de milhares de lanternas orientais, cujo mistério envolve os habitantes do bairro da Liberdade. A partir dos crescentes encontros entre Leonardo e Ayako, uma nova lanterna surgirá para os dois. Eles terão que protegê-la com afinco, ou tudo que construíram juntos poderá desaparecer a qualquer momento. O que ninguém conseguiria prever é que Ho, um jovem chinês também apaixonado por Ayako, colocaria em risco o futuro desse objeto. E com ele, o sentimento mais importante que dois seres humanos já experimentaram.