O Lago Negro é o primeiro volume de uma série escrito pela autora Juliana Daglio e lançado pela editora Arwen. Começo esta resenha elogiando a editora pela diagramação impecável e pela escolha da capa (li em e-book), que combina o lado sombrio com a delicadeza da protagonista, Verônica Cattani.
Esse é um daqueles livros que você dedica um final de semana inteiro para ler e, mesmo assim, várias leituras não seriam suficientes para entender como um escritor consegue nos cativar a tal ponto que podemos perder a sanidade!
O Lago Negro: Luto e Perda
Verônica é uma garota introspectiva, cujos comportamentos são difíceis de entender. Seu passado é marcado por eventos traumáticos. Ela perdeu os pais e passou um tempo em uma clínica psiquiátrica, o que ajuda a explicar sua decisão de se mudar para a pequena cidade de Lagoana.
“- Assim como somos o que absorvemos do mundo, também odiamos nos outros o que vemos de errado em nós mesmos (…).” [p. 90]
O único em quem ela confia plenamente é Enzo, seu melhor amigo e namorado, que a ajudou a enfrentar os desafios decorrentes da perda dos pais. Com determinação, Verônica busca realizar seu sonho de se tornar escritora, seguindo os passos de seu pai, a quem sempre admirou.
O Lago Negro: identidade e autodescoberta
Mudanças significativas acontecem enquanto ela tenta deixar o passado para trás e viver o presente. Conhecemos a família Caprini, que controla grande parte da cidade e possui uma indústria poderosa. O ambiente que eles criam é hostil e macabro, o que realmente me deixou apreensiva. Juliana consegue tirar qualquer leitor do sério, levando-nos à beira da loucura.
É fascinante como há tempos não acompanhava um enredo que mistura diversos gêneros, como dark fantasy, policial e ficção, tudo envolto em um romance leve que evita clichês e suaviza o clima sombrio e misterioso da narrativa. Desde o início, sentimos essa atmosfera inquietante e notamos os detalhes do ambiente que, embora não sejam cruciais para a trama, enriquecem a história.
O Lago Negro: saúde mental
Verônica se sente inexplicavelmente ligada à cidade, e, ao longo da narrativa, percebe que o lago é a chave para essa conexão, embora não compreenda isso imediatamente. O Enzo, por sua vez, passa por uma transformação drástica; de um amigo altruísta, ele se torna um canalha incapaz de lidar com as batalhas enfrentadas por Verônica.
As novidades na vida de Verônica são muitas: ela é acolhida pela família Caprini, conhece um misterioso novo interesse amoroso e descobre amigos inesperados. Após tudo isso, será que ela conseguirá desvendar o mistério do lago? E qual é seu verdadeiro destino?
“- Então você tem que parar de explicar. As pessoas no mundo são, em sua grande maioria, um bando de idiotas convencidos de suas virtudes inúteis. Poucas pessoas param para pensar no outro, no que ele sente, pensa, ou na forma como enxerga as coisas…” [p. 270]
Se você busca reflexões fáceis, O Lago Negro não é para você. Qualquer indício de sanidade é meramente superficial. Juliana consegue nos deixar à beira da loucura com sua escrita envolvente! A narrativa é completa, complexa e repleta de detalhes que exigem atenção para que o leitor não se confunda.
Verônica enfrenta problemas psicológicos decorrentes de seu passado e presente, mas isso não impede sua determinação em alcançar seus objetivos. Enquanto conhecemos sua vida e suas relações, acompanhamos também seu processo de escrita, o que torna a leitura ainda mais rica.
Minha indignação ao supor que os Caprini eram os vilões da história só aumentou a cada reviravolta. Juliana possui um dom para prender o leitor, e, após ler O Lago Negro, sinto que não sou mais a mesma.
Ao final, conseguimos montar o quebra-cabeça da obra e ficamos ansiosos pela continuação. Embora eu tenha dificuldade em ler e-books, finalizei O Lago Negro em menos de dois dias. Recomendo para aqueles que estão dispostos a perder um pouco de sanidade e se deixar levar pela loucura que é esta história.
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