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Resenha || Tem oba-oba no baoba

por Nilda de Souza

Solicitei Tem oba-oba no baoba: histórias com perfume de África pela possibilidade de apresentar aos meus filhos obras com conteúdo afrodescendente. Quero que eles tenham uma memória ancestral e compreendam e valorizem os elementos culturais africanos e afrodescendentes. Para isso, nada melhor do que introduzi-los à literatura infantil afro-brasileira.

O livro é dividido em quatro partes, incluindo uma introdução e três contos: “A flor mágica do baobá”, “Como as histórias do céu vieram parar na terra” e “Tem oba-oba no baobá”.

Os contos são curtos, mas extremamente expressivos. Embora independentes, mantêm uma conexão através de Nana Zina, uma tartaruga contadora de histórias que vive em um Quilombo no Brasil. Nana Zina é afrodescendente, e seus antepassados vieram da África há muito tempo. Como você já pode perceber, os personagens dos contos são animais, e, claro, há o baobá, uma árvore que se sentia sozinha, pois não havia outros baobás para lhe fazer companhia no Quilombo.


No primeiro conto, temos a história do baobá tristonho, apesar de ser uma árvore majestosa, com galhos apontados para o céu, ele não estava feliz, se sentia só, além de não se recordar de seus parentes. Graças a boa amiga Nina Zina e ao uma menina chamada África, o baobá pôde levar uma vida longa e feliz. O que a duas fizeram para auxiliar o baobá? Você precisa ler para descobrir.

Tem oba-oba no baoba: identidade cultural

No segundo conto, Nina Zina narra uma história cheia de mistérios. É a história do camponês Kwaku Ananse, que se transforma em uma aranha. Essa aranha tece um fio que chega até o céu, onde vive Nyame, o deus que guarda todas as histórias dentro de uma arca. Kwaku Ananse deseja conhecer todas as histórias, mas, para isso, terá que vencer alguns desafios propostos pelo deus Nyame.

No último conto, temos uma grande festa de casamento. A princesa Nabila e Aziz, o Omoba, vão se casar. A personagem principal aqui é a velha Àjapá, tia de Nina Zina. Àjapá está tão apressada para o casamento que esquece o presente.

Não sei dizer qual conto mais me encantou, pois todos foram tão significativos. Se fosse para escolher, acho que ficaria com o primeiro, que fala do baobá que não se lembra de seus antepassados. Sempre achei o baobá uma árvore exuberante, com os galhos apontados para o céu, como se estivessem em prece permanente. É magnífico.

No conto, o baobá representa a saudade que os africanos escravizados sentiam da África. Banzo é o nome dado a essa tristeza profunda. Felizmente, Nina Zina e a menina África conseguiram dar um final diferente para a majestosa árvore.Tem oba-oba no baoba

Tem oba-oba no baoba: histórias com perfume de África foi uma leitura especial, como eu imaginei. Os contos contribuem para reflexões de caráter social, identitário, simbólico e político. A figura do baobá é profundamente significativa na cultura africana, simbolizando uma variedade de conceitos e valores. Aqui estão alguns aspectos importantes:

  1. Símbolo de Vida e Sabedoria: O baobá é frequentemente considerado a “árvore da vida”. Sua longevidade e grande porte representam resistência e sabedoria ancestral, sendo um local de encontro para comunidades.
  2. Identidade Cultural: Em muitas culturas africanas, o baobá é um ícone que representa a memória coletiva e a história dos povos. É um símbolo de ancestralidade e conexão com as raízes.
  3. Espiritualidade: O baobá é associado a diversas crenças espirituais. Muitas comunidades realizam rituais e celebrações em sua sombra, acreditando que a árvore possui poderes sagrados.
  4. Uso Prático: Além de seu valor simbólico, o baobá é utilizado de forma prática. Suas folhas, frutos e cascas são empregues na medicina tradicional, na alimentação e na construção.
  5. Narrativas e Mitos: O baobá é frequentemente mencionado em contos e mitos africanos, onde aparece como protagonista, ensinando lições sobre a vida, a natureza e as relações humanas.

Mais um belo trabalho da Editora Paulinas. Ilustrações de Mauricio Negro são em tons terrosos, que nos remete ao continente africano. Não posso deixar de falar da linguagem. Há palavras em banto e iorubá, recurso impostante na construção de significados, pois reforçam o caráter afrodescendente. São poucas palavras, e não dificultam o entendimento global dos contos. No final há um glossário.

* Livro cedido em parceria com a editora

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