Se você é mãe ou deseja ser mãe, provavelmente se identificará com Mãe sem Manual. Neste livro, a autora Rita Lisauskas utiliza sua experiência como mãe para desconstruir mitos maternos e problematizar práticas obstétricas ultrapassadas. Ela aborda medos, inseguranças, dúvidas e alegrias inerentes à maternidade, sempre enfatizando a não romantização desse papel, tudo isso em uma linguagem simples, objetiva e bem-humorada.
Mãe sem Manual é dividido em 13 capítulos com títulos engraçados, que vão desde a gravidez até o primeiro ano de vida do bebê. No capítulo 2, intitulado “A temporada de palpites está aberta”, é possível dar boas risadas, embora nem todas as grávidas consigam lidar tranquilamente com as intromissões de pessoas sem noção. Já nos capítulos 3 e 6—”O Fla-Flu do parto” e “Quem ensina as mães a amamentar? Ninguém”—o tom é mais sério, tratando de temas como parto e amamentação.
O último capítulo, “Mas cadê o pai dessa criança?”, é especial, ao criticar a sociedade que frequentemente é benevolente com pais ausentes e irresponsáveis, ao mesmo tempo, em que cobra das mulheres toda a responsabilidade.
Sou mãe de dois meninos gêmeos, com 1 ano e 2 meses, e me identifiquei com várias passagens do livro. Em alguns momentos, me solidarizei com a autora e, em outros, fiquei emocionada.
Assim como Rita, também fiz fertilização in vitro. Depois de 8 anos de ansiedade, dúvidas, médicos, consultas e exames, hoje estou aqui com meus dois amores. Com essa breve experiência como mãe, posso afirmar que não existe um manual para ser mãe; cada experiência é única, e nenhuma mulher nasce mãe.
Mãe sem Manual: não romantizem a maternidade
Por favor, parem de romantizar a ideia de que “nasceu uma criança, nasceu uma mãe”. As coisas são muito mais complexas do que isso. A edição de Mãe sem Manual é mais um ótimo trabalho da Editora Belas Letras. Com capa dura e papel mais espesso, as cores vivas e modernas combinam com a linguagem ágil do texto. Rita Lisauskas, sendo jornalista e blogueira materna, traz um estilo que reflete sua experiência na escrita para a internet.
Por fim, devo confessar que assim que soube do livro, fiquei muito ansiosa para lê-lo. Minha expectativa aumentou ainda mais quando soube que ele teria ilustrações da Thais Leão. Acompanho as tirinhas da Mãe Solo há algum tempo e me identifico bastante com elas. Sou mãe de dois meninos e enfrento a difícil missão de criá-los como não machistas em um mundo machista.