Depois, publicado pela Editora Suma, é uma leitura fluida e, em grande parte, bem-humorada. As tiradas irônicas, especialmente em relação ao título, e as referências a outras obras nas quais os mortos aparecem tornam a narrativa muito mais leve.
Depois: dilemas morais
O segredo está no estilo e nos personagens cativantes. King tem uma habilidade especial para criar crianças que conquistam o leitor logo nas primeiras páginas. Jamie Conklin, o protagonista, é uma criança que vê mortos, e os fãs de King já estão habituados às conexões entre suas histórias. Neste livro, há uma referência intrigante a uma criatura já conhecida por seus leitores, o que acrescenta camadas à trama. Depois vai muito além da mediunidade, explorando temas complexos e emocionantes.
Jamie tem a habilidade de ver e interagir com os mortos, o que levanta questões sobre como e quando deve usar esse poder. Ele se vê em situações em que precisa decidir se deve ajudar os mortos a resolver pendências ou se deve ignorá-los para proteger a si mesmo e aos outros
“Acho que as pessoas que dizem que a vida é feita das escolhas que fazemos e das estradas que tomamos estão falando merda. Porque, ora, tanto a escada quanto o elevador nos levariam ao terceiro andar. Quando o dedo errático do destino aponta para você, todas as estradas levam ao mesmo lugar.”
O que eu mais gostei em Depois
A amizade entre Jamie Conklin e o professor Burkett é um dos pontos altos da obra. A dinâmica entre eles é típica do estilo de King, em que o professor atua como um guia e apoio para Jamie. Burkett não apenas oferece conselhos, mas também representa uma figura de autoridade moral. As interações deles ajudam Jamie a refletir sobre suas ações e a entender as consequências de suas escolhas, levando-o a ponderar o que é certo e errado.
A mãe de Conklin, que é editora, introduz um pouco do ambiente editorial e da publicação de livros, o que enriquece a narrativa. Além disso, King aborda questões econômicas e sociais dos EUA, como a crise imobiliária que resultou na perda de casas para muitas famílias, além de temas como o tráfico de drogas e a corrupção policial, que trazem um realismo impactante à história.
No final, King ainda apresenta uma reviravolta surpreendente, um ponto polêmico que deixa o leitor refletindo.
Depois não é uma história que assombra de forma tradicional, tornando-se uma ótima escolha para quem tem receio de ler terror. É uma obra que equilibra humor e reflexão, mantendo o leitor envolvido do início ao fim.
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