Sabe quando um livro te conquista pela capa ou pelo título? Pois é, Eu te darei o sol me conquistou primeiro pelo título e, depois, pelo enredo envolvente. Eu tinha outros livros para ler da Novo Conceito, mas não consegui resistir a passar este na frente. O título me atraía como os raios de sol nos atraem em dias frios.
Eu te darei o sol narra a história dos irmãos gêmeos Jude e Noah, que, por conta de mentiras, ciúmes e inveja, têm suas vidas levadas por caminhos de dor e sofrimento. A narrativa é contada pela perspectiva dos dois irmãos, em tempos diferentes, alternando entre eles, sendo que Jude tem uma participação maior na história.
Os dois irmãos são filhos de uma professora de história da arte e de um médico. A mãe deseja que os filhos sigam a carreira artística, enquanto Noah, aparentemente, possui um talento nato para a pintura. Jude, por sua vez, sente ciúmes da atenção especial que a mãe dedica aos trabalhos de Noah.
A relação da mãe com Noah é boa, enquanto o pai se relaciona melhor com Jude. Esses laços familiares geram ciúmes entre os irmãos. Noah acredita que o pai não o aceita como ele é: esquisito e revolucionário. Jude, por outro lado, é a filha rebelde que frequentemente entra em conflito com a mãe.
As complicações aumentam quando se trata das relações fora de casa. A narrativa começa com eles aos 13 anos, lidando com as primeiras experiências sexuais. Jude beija todos os meninos, enquanto Noah encontra sua primeira paixão com a chegada do novo vizinho, Brian. Antes de Brian, Noah não tinha amigos e sofria bullying; a relação deles é linda.
No meio dessas primeiras experiências, os pais dos irmãos estão se separando. Além disso, Noah descobre um segredo da mãe, mas, antes que possa agir, um terrível acidente muda a vida de toda a família.
Eu te darei o sol: amor e ciúmes
Como mencionei, Eu te darei o sol é uma história repleta de pequenas e grandes mentiras, que, ao longo dos anos, trazem consequências dolorosas para todos.
A relação entre Jude e Noah em Eu te darei o sol é complexa e profundamente emocional. Desde o início, há uma dinâmica de amor e ciúmes que molda suas interações. A alternância de perspectivas entre os dois irmãos permite que o leitor compreenda suas lutas internas e os conflitos externos que enfrentam.
Noah, que se sente à sombra de Jude e da atenção que a mãe dedica a ela, vive uma batalha interna entre ser quem realmente é e se conformar às expectativas. Jude, por outro lado, também lida com seus próprios sentimentos de insegurança e rebeldia, especialmente em relação à mãe e ao pai.
Confesso que a história de Noah foi a que mais me atraiu. Eu gostaria de ter passado mais tempo com ele, um garoto que finge ser hétero e guarda não só seu próprio segredo, mas também o da mãe. Ele é um jovem que não entrou para a escola de arte.
Embora a autora tenha optado por dar mais espaço a Jude, o que não é necessariamente ruim, eu realmente queria ter explorado mais a história de Noah. A princípio, não achei Jude tão interessante, mas ela se mostrou cativante e madura para uma garota de 16 anos.
Adorei ler este livro. Eu te darei o sol é uma história verossímil, com situações do cotidiano que podem ocorrer em muitas famílias. Isso é o que torna a narrativa tão tocante. Quantos garotos estão, neste exato momento, passando pelo que Noah enfrenta? Fingindo ser hétero para evitar violência, tentando ser aceitos pela família ou mantendo relacionamentos escondidos. Quantas mentiras os filhos contam e, depois, precisam de coragem para desmantelar tudo? Quais irmãos nunca sentiram ciúmes uns dos outros?
Recomendo este livro a todos os tipos de leitores. Mesmo que você não goste de Young Adult, em Eu te darei o sol encontrará personagens “reais”, não é apenas mais um drama adolescente.
A Novo Conceito enviou um livreto com trechos da narrativa e ilustrações para colorir. Foi uma atenção muito gentil da editora para com os parceiros. Como de costume, ainda não pintei nenhuma ilustração.
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