Resenha || Cinco dias | Julie Lawson Timmer

O que você faria se tivesse apenas cinco dias para tomar uma decisão que mudaria para sempre o rumo da sua vida e de todos ao seu redor? Pergunta difícil para começar a semana, não é? Pois é, eu também acho. Esse é o contexto que encontramos em Cinco Dias, de Julie Lawson Timmer, que narra a história emocionante de dois personagens: Mara Nichols e Scott Coffman.

Mara Nichols é uma advogada de sucesso, filha adotiva de Pori e Neerja, casada com Tom e mãe da pequena Lacks. Ela se sente realizada por ter alcançado tudo o que planejou meticulosamente. No entanto, sua vida perfeita começa a desmoronar quando, após uma série de sinais, seu marido a alerta sobre problemas de saúde. Relutante, Mara nega e tenta se mostrar forte até que os esquecimentos, irritabilidade e cansaço físico se tornam inegáveis.

Ela sabia que algo não estava certo, mas o orgulho a impediu de agir. Quando finalmente decide ir ao médico, sua intenção é provar a Tom que ele está errado. Infelizmente, o diagnóstico revela que ela tem a Doença de Huntington (DH), uma condição hereditária que desconhecia. Agora, Mara precisa confrontar as limitações que a doença impõe, o que a desagrada profundamente.

Scott Coffman, por outro lado, é um professor dedicado e marido de Laurie. Ele leva uma vida simples e se alegra com o progresso de seus alunos. Um deles, Bray, se destaca tanto nos estudos quanto nos esportes, mas vive em uma família problemática. Após a prisão da mãe, Bray busca a ajuda de Scott, que se torna guardião do pequeno Curtis, irmão de Bray. Essa decisão irá impactar profundamente a vida de Scott, que acolhe o menino em sua casa por um ano.

Cinco dias: amor e altruísmo

As situações em que os personagens se encontram são bastante diferentes. Mara, após o diagnóstico da doença, estabelece um prazo para pôr fim ao seu sofrimento; ela opta por antecipar sua partida deste mundo antes de fazer sua família sofrer mais. Já Scott lida com um problema social e, após um ano, se vê obrigado a viver seus últimos cinco dias com Curtis.

As duas histórias poderiam não ter nada em comum além do prazo, não fosse o fato de Mara e Scott se conhecerem em um fórum de discussão online para pais adotivos, repleto de dúvidas, angústias e também alegrias. A amizade virtual entre os dois ameniza as tristezas e incertezas que enfrentam nesses cinco dias. Enquanto Mara precisa se despedir de todos que são importantes para ela, Scott deseja aproveitar seus últimos momentos com “Carinha”, que transformou sua vida no último ano. É nesse fórum que eles encontram conforto para enfrentar os dilemas que os afligem.

Em meio a tantas dificuldades, Mara recebe todo o apoio e amor da família, especialmente de Tom, que cuida dela pacientemente. Scott, por outro lado, não tem a mesma sorte. Sua esposa também se afeiçoa a Curtis, mas acredita que o marido não deveria se apegar tanto ao garoto, especialmente agora que ela está grávida e seu filho precisa de mais atenção. Mesmo assim, ele proporciona ao menino os melhores momentos possíveis, tratando-o como se fosse seu.

A escrita do livro é intercalada entre os capítulos de Mara e os de Scott. Dessa forma, somos gradualmente inseridos em cada história, permitindo-nos nos envolver com ambas. No entanto, tive a impressão de que os capítulos dedicados a Mara são mais extensos, repletos de detalhes e flashbacks. Apesar disso, a história de Scott me emocionou mais. É claro que a trajetória de Mara também me tocou, mas Scott me fez perceber que é impossível não nos entregarmos por inteiro quando amamos alguém. O sentimento em questão é um dos mais belos: o altruísmo, a capacidade de colocar outra pessoa no centro de nossas preocupações, independentemente da relação de parentesco ou proximidade, e ainda assim oferecer o melhor de si.

ATENÇÃO:
Esse livro é emoção do início ao fim! Eu curti muito a leitura, embora o contexto seja muito tenso, por tratar de assuntos tão delicados como a perda. Não estamos preparados para perder, seja na realidade ou nos livros. Por isso, haja lenço para secar as lágrimas! Só para reforçar. A escrita da obra é bem simples. Os capítulos não são tão longos, então a leitura flui muito bem. Aqui vai mais uma indicação para a lista do Vou ler.

P.S.: Esse livro me fez lembrar de Como eu era antes de você, principalmente pela maneira de terminar com cartas. E com certeza, me emocionou igualmente.