Home Resenhas Resenha || Belgravia | Julian Fellowes

Resenha || Belgravia | Julian Fellowes

por Nilda de Souza

Belgravia, Julian Fellowes Editora Intrínseca, foi uma leitura muito agradável. Embarquei numa viagem por uma Londres de 1840, na Era Vitoriana, repleta de uma aristocracia extremamente arrogante, com seus usos e costumes quase imutáveis. Nesse cenário, também despontava uma nova classe social, rica e ansiosa por frequentar os mesmos espaços aristocráticos, mas sem o prestígio correspondente.

A narrativa de Belgravia centra-se em dois núcleos familiares: os Trenchards, uma família de comerciantes que prosperou rapidamente devido à urbanização do pós-derrota de Napoleão, e os Bellasis, uma família aristocrata. Os caminhos dessas duas famílias se cruzam quando Sophia Trenchard e Edmund Bellasis se encantam um pelo outro. Naquela sociedade, a relação entre pessoas de classes sociais tão distintas — conde e comerciante — era inadmissível. O romance deles desencadeia uma série de segredos e mentiras que afetarão a vida de muitos.

A premissa de Belgravia é simples: duas famílias e um segredo. Isso permite que o autor explore questões humanas como raiva, ciúme, ambição, inveja, avareza e, claro, o amor.

O que torna este livro uma leitura agradável é a forma como Julian Fellowes conta a história. A narrativa é em terceira pessoa e apresenta uma linguagem ágil, com um vocabulário despojado de ornamentos. O salto temporal de 25 anos no início da história confere uma sensação de movimento à narrativa.

A história começa em Bruxelas, em 1815, na véspera da batalha de Waterloo, na qual Napoleão Bonaparte é derrotado. A cena muda para o belíssimo bairro londrino de Belgravia, onde as casas e palacetes foram construídos pela empresa de James Trenchard.

Belgravia: classes sociais, status e prestígio

Destaco dois aspectos que mais gostei no livro: o papel fundamental dos personagens secundários para o desenrolar da trama e a importância das mulheres. O ponto alto da narrativa é a maneira como os empregados dos aristocratas e das novas classes emergentes influenciam a história.

O leitor observa como eram tratados e o que sentiam em relação aos patrões. Enquanto muitos livros retratam os bailes e as vestimentas, sinto curiosidade pela vida das pessoas que organizavam esses eventos: os empregados, os lacaios, as damas de companhia. Eles faziam tudo de bom grado? Não viam as injustiças? A perspectiva dos empregados e suas interações com os aristocratas oferece uma visão do cotidiano e das injustiças sociais, revelando as dinâmicas de poder.

Quanto às mulheres, elas são as protagonistas da história, tomando decisões e demonstrando personalidade, mesmo em uma sociedade dominada por homens. As mulheres, apesar de viverem em uma sociedade patriarcal, desempenham papéis centrais na narrativa, tomando decisões e influenciando o desenrolar da trama. Embora Belgravia não se aprofunde nas questões sociais, o leitor pode vislumbrar a vida nas áreas dos empregados.

Se você, assim como eu, aprecia livros que vão além do romance entre os protagonistas, Belgravia é uma ótima escolha. Um último comentário: o final é previsível.

O Ave, livro faz parte do Programa de Associados da Amazon. Se você fizer sua compra através do meu link, receberei uma pequena comissão, o que me ajuda a manter o site no ar. Sua contribuição é valiosa. Obrigado por apoiar meu trabalho!

Voce pode gostar

Deixe um comentário

@2024 – All Right Reserved. Designed and Developed by PenciDesign

Todas as fotos e textos publicados são produzidos por Nilda de Souza, exceto quando sinalizado.