Resenha | Nosferatu | Joe Hill

Uma das coisas que mais me encanta ao ler um livro é testemunhar a criatividade de um escritor. Joe Hill conseguiu me fascinar com cada detalhe aterrorizante em Nosferatu. Ele transforma o Natal, uma época especial para muitas pessoas — especialmente para os cristãos —, em algo assustador, fazendo o leitor temer até uma simples bengala doce natalina.

Este é o primeiro livro que leio de Joe Hill, e já considero que ele se tornou um dos meus autores favoritos no gênero do terror, ao lado de nomes como seu pai, Stephen King, Ira Levin (O Bebê de Rosemary), William Peter Blatty (O Exorcista) e Andrew Neiderman (Advogado do Diabo).

Nosferatu narra a história de Victoria McQueen, também conhecida como Vic (ou Pirralha, como seu pai a chama), uma protagonista que, desde criança, possui a habilidade de ultrapassar as barreiras do espaço-tempo para encontrar objetos perdidos, utilizando para isso uma bicicleta e uma velha ponte de madeira que fica nos fundos de sua casa.”

O poder de Vic vem com um preço alto. Toda vez que usa sua habilidade de viajar para lugares distantes, por meio de uma ponte mágica, ela adoece e perde um pouco de si mesma no “nada”. Desde jovem, Vic questiona se seu dom é real ou fruto de uma imaginação infantil. Sua vida muda quando encontra alguém que lhe dá respostas e revela que existem outras pessoas com objetos mágicos que lhes conferem poderes especiais.

Charles Talent Manx, um tenebroso

Entre essas pessoas está Charles Talent Manx, um homem sinistro que usa seu Rolls-Royce 1938, chamado Espectro, para raptar crianças e levá-las a um parque de diversões macabro: a Terra do Natal. Embora Vic tenha sido avisada para nunca encontrá-lo, aos 16 anos, num momento de rebeldia e frustração com os pais, ela resolve usar sua bicicleta e a ponte mágica para procurar encrenca com Manx.

Depois de um confronto com Manx, que aparentemente termina com sua derrota, a vida de Vic só piora. A narrativa, a partir desse ponto, mergulha em uma espiral de eventos cada vez mais sombrios e aterrorizantes.

Antes de conhecer Manx, o dom de Vic parecia uma benção. Ela conseguia resolver problemas, principalmente dos pais, sem grandes consequências. Mas, com o tempo, o uso de sua habilidade começou a cobrar um preço alto. Sua sanidade começou a se desfazer e sua vida se complicou ainda mais após a maternidade.

Manx, no entanto, não foi derrotado de verdade. Ele ainda conta com a ajuda de Bing Partridge, um homem perturbado que usa uma máscara de gás e faz o trabalho sujo de sequestrar crianças. Bing, uma alma infantil presa em um corpo adulto, comete atos atrozes, com o objetivo de garantir um lugar na Terra do Natal.

Nosferatu apresenta uma linha do tempo extensa, acompanhando a vida de Vic dos oito anos até a idade adulta. A profundidade da história é impressionante, com detalhes críveis e bem trabalhados sobre os personagens principais e secundários.

A vida de Charles Manx também é explorada a fundo. Ele não se vê como um vilão e, às vezes, chega a despertar uma esperança de que ele seja um salvador de crianças abusadas. No entanto, essa esperança logo se desfaz, pois Manx é profundamente doentio, indo além de um simples psicopata.

 Nosferatu: de terror e redenção

Vic, apesar de ser uma protagonista imperfeita que inicialmente busca problemas de forma impulsiva, encontra uma justificativa para suas ações ao longo da trama. Sua trajetória, marcada por erros e arrependimentos, culmina em uma redenção poderosa.

Nosferatu é um livro que recomendo a todos os fãs do gênero de terror.