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Resenha || O que não existe mais | Krishna Monteiro

por Joanice Oliveira

O que não existe mais, Krishna Monteiro, Editora Tordesilhas, é uma antologia de contos que se destaca por sua abordagem singular, trazendo ao leitor textos poéticos, metafísicos e psicológicos. Confesso que, nesta leitura, me senti perdida pela primeira vez. Mas por quê, Jo?

A forma poética e exageradamente profunda conferiu aos contos um tom acadêmico, reminiscentes dos devaneios de Nietzsche sobre a vida. O livro, de modo algum, é ruim; é maravilhoso, mas a combinação da temática “Memórias e Lembranças” com esse excesso de poética pode torná-lo enfadonho e falho em seu objetivo.

“Há limites para a coragem.” Foi contigo que aprendi isso.

O conto que inicia o livro, intitulado O que não existe mais, nos transporta para as lembranças e delírios de um filho sobre seu falecido pai. A narrativa revela um homem profundamente abalado pela perda de seu maior companheiro. Ele luta para manter a lucidez, mas é consumido por uma enxurrada de memórias e lugares que evocam a imagem de seu tutor.

O que não existe mais: amor e perda

Em Monte Castelo, exploramos a relação entre um avô e seu neto. Aquela figura na família com quem sempre temos diferenças e pequenas brigas diárias. Apesar das discussões, o amor entre eles persiste, mesmo com suas visões de mundo distintas.

No conto Alma em corpo atravessada, uma mulher dialoga com seu íntimo e confronta o Tempo. Por que o Tempo? Agora, ela percebe seu envelhecimento, reconhecendo no espelho as rugas e marcas de expressão adquiridas ao longo de suas batalhas cotidianas e lutas internas. Ela compreende que o amadurecimento é um processo que vem com o tempo e as lições aprendidas através das conquistas e derrotas.

“Trancou palavras a exemplo de um poema composto para o mundo, mas que, após mudar de ideia, decidiu guardar para sempre dentro de si.”

Na minha opinião, o conto mais impactante é Um âmbito cerrado como um sonho, narrado pela perspectiva de um gato que testemunha o suicídio de sua dona. Ele detalha os sentimentos que a consumiam, seus hábitos de se fechar em si, falando pouco e sorrindo por obrigação, além de relatar seus últimos momentos antes de tirar a própria vida.

Todas as histórias tratam de Tempo, Lembranças e Memórias, que se renovam a cada vez que evocamos esses momentos vividos, ganhando mais cor e clareza a cada palavra ou sentimento que adicionamos ao instante em que são pronunciados.

A capa de O que não existe mais reflete bem a temática, com um coração incrustado na madeira que evoca o primeiro amor, lembranças boas e momentos felizes. A escolha da fonte e as folhas amarelas complementam perfeitamente a obra.

“O que não existe mais” é uma obra de delicadeza inigualável, um livro que desperta memórias e lembranças guardadas com tanto esmero em nossas mentes.

“Temia – sem motivos, o que não poderia saber ainda – que qualquer barulho meu profanasse seu sossego, fazendo-o mudar de ideia e pedir que me retirasse.”

 

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