É curioso como, às vezes, um livro pode evocar sentimentos semelhantes a outro, quase como se dialogassem entre si. Ao ler Pax, de Sara Pennypacker, não pude deixar de lembrar de O Pequeno Príncipe. E logo vocês entenderão o porquê.
“A verdade mais simples pode ser a coisa mais difícil de enxergar quando envolve a nós mesmos. Se você não quiser ver a verdade, fará o que for preciso para disfarçá-la.”
O livro nos conta a história de Peter e sua raposa, Pax. Uma amizade improvável, que, no entanto, fez com que ambos se sentissem parte um do outro.
“Às vezes, Peter tinha a estranha sensação de que ele e Pax eram um só.”
Após a morte de sua mãe, Peter ficou devastado. Com apenas sete anos, ele não conseguia compreender por que aquilo havia acontecido. A solução que encontrou foi se fechar para o mundo. Seu pai, igualmente abalado, não sabia como ajudar o filho, e a relação entre os dois se tornou fria e distante.
As dificuldades de Peter começaram a se amenizar quando, em um passeio pelas redondezas de sua casa, encontrou uma ninhada de raposas, sendo que duas já estavam mortas. Entre os pequenos corpos imóveis, uma frágil criatura ainda se mexia. Peter não poderia deixá-la morrer ali, como os irmãos. E assim começou a grande amizade entre ele e Pax. Eles se tornaram inseparáveis, até que a guerra chegou.
O pai de Peter foi convocado para lutar, e o menino teve de ir morar com o avô. A Pax, coube uma alternativa triste: ser devolvida à natureza. A separação foi dolorosa. É impossível ler a comovente cena da despedida, na qual para Pax tudo parecia uma brincadeira, sem se emocionar.
“Há uma doença que, às vezes, acomete as raposas e as faz agir de maneira anormal, atacando estranhos. A guerra é uma doença humana parecida.”
Pax: crescimento pessoal
Separados, Peter e Pax nos mostraram o verdadeiro significado da amizade. O menino decidiu fugir em busca de Pax, e a raposa, paciente e esperançosa, esperava por seu garoto.
Peter passou por uma intensa jornada em busca de sua raposa. Ele se feriu e precisou interromper a busca por alguns dias. Nesse período, conheceu Vola, uma ex-militar que vivia em um sítio próximo. Sábia e solitária, Vola se tornou uma grande amiga de Peter. Juntos, eles enfrentaram problemas do passado e encontraram um novo rumo para o futuro.
Pax também viveu suas próprias aventuras. Embora fosse um animal selvagem, ele foi criado por humanos e conhecia pouco sobre a vida na natureza. Mas seu instinto o guiou: ele aprendeu a caçar, a se defender e até fez novas amizades entre outros de sua espécie.
Quando comparei Pax com O Pequeno Príncipe, não foi apenas pela amizade entre um menino e uma raposa, mas também pelas belas lições que essa relação nos traz, tal como no clássico. Ambos os livros nos ensinam sobre uma amizade cheia de desafios, mas nem por isso menos significativa. A singeleza com que Pax aborda essa temática nos faz perceber que a amizade é possível tanto entre humanos quanto entre humanos e animais. Para cativar, é preciso esperar, respeitar, aceitar, cuidar e, acima de tudo, amar.
“Às vezes a maçã cai muito longe da árvore.”
Ao finalizar essa leitura, sinto meu coração transbordar de amor por esse livro. Apesar de algumas cenas em que é impossível conter as lágrimas, é uma leitura leve, rápida e muito envolvente. Com poucos personagens, o livro flui de maneira suave.
Recomendo Pax para fãs de Extraordinário, O Pequeno Príncipe, O Menino do Pijama Listrado e de livros que tratam da amizade. É uma leitura para todas as idades. Boa leitura!
1 comente
[…] A Mayara Nascimento também falou desse livro. Quer saber a opinião dele sobre o livro, acesse: Pax […]