Li com muita expectativa Uma canção de ninar, Sarah Dessen, Editora Seguinte, algo que geralmente evito, mas após tantas resenhas elogiosas de Os bons segredos, da mesma autora, acreditei seria uma boa leitura. Amanda Melo resenhou Os bons segredos (leia a resenha aqui).
Em Uma canção de ninar, Remy é a narradora e protagonista. Meu descontentamento começou logo com Remy, que não me sensibilizou com sua história. Li as cem primeiras páginas e me questionei: quando essa garota terá algo interessante a contar? A trama parecia comum e desinteressante. Embora ela compartilhe uma revelação importante, a autora não aprofunda o tema.
Voltando ao resumo, a sinopse já diz muito. “Remy não acredita no amor, pois testemunhou sua mãe casar e descasar várias vezes. Ela já teve vários relacionamentos, mas todos terminam rapidamente e sem grandes envolvimentos. Remy é controladora, responsável e cuida das festas de casamento da mãe. Embora tenha amigas legais, Remy também carrega a dor de um pai que nunca a visita após a separação. O pai escreveu uma canção de ninar para Remy, que ela detesta. É o último verão antes de Remy e suas amigas iniciarem a faculdade, e elas planejam aproveitar ao máximo: meninos, festas e bebidas. No entanto, o destino coloca Dexter em seu caminho. Ele é o oposto de Remy: desorganizado, desajeitado e, o pior, músico. Remy tem uma regra: nunca se envolver com músicos.”
Uma canção de ninar é um livro morno. A narrativa é lenta, sem segredos ou reviravoltas. Não consegui me apegar a nenhum dos personagens, nem sentir empatia pela protagonista. Eles são tão esquecíveis que desaparecem da memória ao virarmos a página. A personagem mais interessante é a mãe de Remy, por ser escritora e excêntrica, além dos vários casamentos que não parecem afetá-la, apenas a Remy.
Uma canção de ninar é um livro morno
Afastar as pessoas e negar o amor não a fortalece; na verdade, a deixa mais fraca. Isso está enraizado no medo de se arriscar. A questão é tratada de forma sutil, para não dizer negligente. Por exemplo, a narrativa menciona que não há sexo com uma mulher bêbada, pois isso é estupro. Quando pensei que a autora abordaria esse tema tão importante para nós, mulheres, a discussão não avançou, permanecendo apenas nas entrelinhas. Um leitor menos atento pode não perceber essa nuance.
Não torci pelo casal, pois a relação deles é morna. As amigas de Remy se tornaram indistintas, e o irmão não tem destaque. Uma canção de ninar não funcionou para mim. Talvez este livro atraia leitores habituados ao estilo da autora. Contudo, quero ler Os bons segredos para descobrir se Sarah Dessen realmente aborda histórias de pessoas comuns, sem grandes problematizações.
Sobre a diagramação: é simples, mas agradável. Os capítulos são demarcados pelos meses de junho a novembro, correspondendo ao último verão da protagonista antes da faculdade. A capa, embora tenha relação com a narrativa, não me agrada esteticamente, seguindo o mesmo critério de design de Os bons segredos.
* Livro cedido em parceria com a editora
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