Leitores amantes de ficção científica, vocês precisam ler Dezoito de Escorpião, Alexey Dodsworth, Editora Draco. É literatura nacional da melhor qualidade, com uma narrativa consistente e adulta. Com certeza, entra para a minha lista dos melhores do ano.
Em Dezoito de Escorpião, o tempo não é linear; a narrativa alterna entre os anos de 1929 e 2070. Essa escolha estrutural me agrada muito, pois força o leitor a fazer conexões e se concentrar mais na leitura. Todos os pontos e fatos são muito bem amarrados. No início, os eventos parecem não ter relação entre si, mas tudo se encaixa no final. O mais interessante é que o autor mescla fatos com ficção, deixando o leitor com a sensação de: será que tudo o que sei é realmente verdade?
A história gira em torno da descoberta de uma estrela, Dezoito de Escorpião (também conhecida como HR6060). Fato: 18 Scorpii realmente existe, e foi um astrônomo brasileiro quem descobriu ser gêmea do nosso sol.
O livro é dividido em três partes. Na primeira, o foco está na descoberta astronômica, enquanto conhecemos os personagens. É nessa parte que descobrimos que a maioria deles sofre de Hipersensibilidade Eletromagnética, uma condição que causa dores de cabeça constantes e surtos violentos, perigosos tanto para os afetados quanto para os que estão ao seu redor. O problema é que essa doença é frequentemente confundida com esquizofrenia ou possessões demoníacas.
Dezoito de Escorpião: ficção e realidade
O protagonista, Arthur Coimbra, é um jovem estudante de História da USP. Ele sofre de enxaquecas severas, que pioram em ambientes urbanos. Por isso, Arthur evita se afastar do campus da universidade, que oferece um ambiente verde e calmante.
A vida de Arthur muda radicalmente quando aceita um convite do doutor Ravi Chandrasekhar, um homem enigmático, para viver em uma comunidade isolada no meio de uma floresta. Nessa comunidade, ele encontra outras pessoas com problemas semelhantes, como Laura Boccardo, uma portalegrense que sofreu abusos; Martin Luther King dos Santos, um ex-detento; e Lionel, um norte-americano de poucas palavras.
Apesar de adorar a nova vida na comunidade, Arthur sempre teve um pé atrás com o doutor Ravi. Curioso, ele tenta descobrir o que o incomoda, enquanto vive sob regras estritas, como não sair à noite.
Já mencionei o quanto essa leitura foi agradável, mas repito: Alexey Dodsworth tem uma escrita muito inteligente. O autor mescla eventos reais com elementos de ficção, questionando a natureza da verdade e a história, e instigando o leitor a refletir sobre o que é real. Os elementos científicos são plausíveis.
Graças à obstinação de Arthur, segredos são revelados. Gosto de Arthur, mas o personagem que realmente me causa arrepios é Lionel.
Um ponto que me agradou muito é que o autor discute a possibilidade de vida inteligente alienígena de forma mais realista, mencionando a existência de vida unicelular.
“Gustavo não era muito otimista em relação à busca por vida inteligente alienígena. Contudo, sempre foi simpático à teoria do universo biofílico: a vida, ainda que em manifestações unicelulares, deveria ser comum em outros cantos do universo.”
Dezoito de Escorpião, além de questionar se estamos sozinhos no universo, a história aborda a necessidade humana de controlar o imprevisível, refletindo sobre a busca por ordem em meio ao tumulto da vida contemporânea.
Leia, se ainda não leu, e depois me diga o que achou!
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