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Resenha || Cachinhos de prata | Leo Cunha

por Nilda de Souza

Cachinhos de Prata, de Leo Cunha, com ilustrações de Rui de Oliveira, Editora Paulinas, me emocionou profundamente. O tema da velhice sempre me toca, especialmente em uma sociedade que valoriza tanto a juventude. Envelhecer, muitas vezes, é um processo difícil e solitário.

Uma cena literária que ficou marcada na minha memória é a do protagonista de O Retrato de Dorian Gray, que, apavorado com as rugas, rasga o retrato simbólico. Esse gesto reflete o medo do envelhecer na cultura ocidental. Entre todas as questões relacionadas ao envelhecimento, a perda da memória me afeta especialmente, e é exatamente esse o tema central da obra.

Em Cachinhos de Prata, encontramos uma avó que já não reconhece seus três netos e esqueceu os momentos que passaram juntos. Os netos, que a visitam todos os domingos, a chamam de Cachinhos de Prata, em referência aos seus cabelos que um dia foram negros.

As lembranças de Cachinhos de Prata, assim como seus cabelos, perderam a vivacidade. Elas estão esmaecidas e os netos precisam encontrar novas formas de compartilhar momentos especiais com a avó.

Cachinhos de Prata: representação da memória

 

O livro é realmente especial ao abordar um tema tão sensível com as crianças, evitando a menção direta à palavra “Alzheimer”. Leo Cunha faz isso de maneira habilidosa. A avó, que não consegue se lembrar dos netos e dos momentos que viveram juntos, simboliza as dificuldades enfrentadas por pessoas com Alzheimer. O livro ilustra como as memórias podem se desvanecer, refletindo a realidade da doença.

A busca dos netos por maneiras de criar novos momentos especiais com a avó destaca a importância do amor e do vínculo familiar, mesmo diante da perda. Isso ensina que, apesar das dificuldades, a conexão emocional permanece valiosa.

As ilustrações de Rui de Oliveira complementam a narrativa, sugerindo a perda gradual das lembranças, em sintonia com a história. A capa, com folhas caindo, peças de dominó e um livro, simboliza um conjunto que dissemina significados profundos.

As imagens ajudam a concretizar ideias que podem ser difíceis de entender apenas por meio de palavras. Por exemplo, ilustrações que mostram uma árvore com perdendo as folhas podem simbolizar o envelhecimento ou a mudança de fazes/estações, facilitando a identificação do tema.

As ilustrações complementam e enriquecem a narrativa, contando histórias que as palavras não conseguem transmitir sozinhas. Momentos significativos, como a interação entre avó e netos, podem ser enfatizados visualmente, ajudando as crianças a entender a importância dessas relações.

Cachinhos de Prata se junta à lista de obras que tratam da infância e da velhice, com um enfoque na memória. Embora o tema da velhice seja recorrente na literatura infantil, é crucial refletir sobre que tipo de imagem dessa fase da vida estamos transmitindo às crianças. O livro abre espaço para conversas sobre o envelhecimento e a importância de cuidar dos mais velhos, ajudando as crianças a entenderem que a velhice faz parte da vida e que todos merecem amor e respeito.

 

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14 comentários

Marcia julho 14, 2017 - 1:18 pm

Olá!
Amei sua resenha, ainda mais que cuido de idoso e sei como é lidar com a memoria que nos vai falhando e a tortura que percebo, já me emocioei e quero ler com certeza. Bjs

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Beatriz Andrade julho 14, 2017 - 10:09 pm

Nossa, que livro triste!
Eu não conhecia e fiquei completamente interessada na leitura, acho que ele traz mensagens sábias para as crianças, mas também pode ser uma boa leitura para os adultos. Quero apresentar esse livro ao meu filho, obrigada pela dica.

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Lucy julho 15, 2017 - 12:31 am

Nossa, me emocionei com sua resenha. Meu pai foi diagnosticado recentemente com Alzheimer e sabemos que não será fácil. Estamos tentando atenuar o processo…
Bjos

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Isadora Gazote julho 15, 2017 - 11:50 am

Que linda sua resenha! Está lindo essa edição! Achei super tocante o tema e a forma como o autor abordou! Parabéns pela resenha!

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Fábrica dos convites julho 16, 2017 - 5:28 pm

Não conhecia o livro, e achei otima a ideia de trazer uma doença como o Alzheimer de uma forma mais lúdica para as crianças, sem assustá-las ou maquiar a verdade. Um livro que eu gostaria muito de ler.
Bjs, rose.

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Janiele Silva julho 17, 2017 - 12:48 pm

Oieee, achei o livro lindo, as ilustrações também, e a premissa do livro por si só já é algo maravilhoso, o tema da velhice não esta presente muito em nossas vidas, quando só nos preocupamos com o agora, creio que uma lição linda esta nesse livro!

Bjs

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Gabriela julho 17, 2017 - 4:56 pm

Olá!
Amei sua resenha, o tema abordado é muito difícil e ver como o autor desenvolveu isso é bonito. As ilustrações também são fofas.
Me emocionei e quero ler.
Parabéns pelo post e obrigado pela dica.
Beijos!

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Danielle Rodrigues Casquet de Melo julho 17, 2017 - 5:48 pm

Olá Nilda que resenha mais linda, fiquei realmente entusiasmada para ler esse livro e indicar para duas pessoas que tenho certeza que vai gostar. Não conhecia o autor e gostei muito da forma como ele trata o assunto da velhice de uma forma tão cuidadosa. Bjkas

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Angélica julho 17, 2017 - 6:58 pm

Oi, tudo bem?
Não é um livro que eu leria pois a temática não me agrada tanto, mas as ilustrações estão lindas!

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lilian farias julho 18, 2017 - 11:22 am

Realmente, a cultura Ocidental vê o envelhecer como um monstro perverso, fruto, também, da imbecilização da vida do capitalismo, quanto mais as pessoas têm medo da velhice (ou da vida) mais se tornam dependente de produtos químicos. Esse livro que você presenteou os leitores com a resenha, para mim, é necessário, importante e urgente, precisamos de obras que nos tirem desse estado de torpor e alienação. além disso, as referências na resenha ficaram perfeitas.

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Fabiana julho 19, 2017 - 11:45 am

Olá Nilda, tudo bem?
Nossa nem li a obra, mas concordo com você é uma obra bem emocionante.
Amei a forma como foi abordado o tema e as ilustrações estão perfeitas.
Parabéns e obrigada por compartilhar a obra conosco
Beijos

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Rafaela Samara Barbosa Rosato julho 20, 2017 - 11:12 pm

Olá, parabéns pela resenha e pela escolha de livro. Realmente, é um tema que precisa ser abordado, mas de uma forma sutil, como traz nesse livro. Com certeza vou procurar para ler. Já li alguns livros infantis com o mesmo tema, todos sempre me emocionam, me fazem lembrar de uma pessoa muito querida que já se foi. Parabéns pelo blog e pela resenha!

Beijinhos.

birdsalsocry.blogspot.com.br

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Déborah julho 24, 2017 - 7:39 pm

Nilda, eu não conhecia o livro, mas já estou apaixonada.
Adoro livros que tratam de assuntos importantes de uma maneira mais leve e didática para as crianças.
Quero muito ler!

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Carolina Ramires julho 25, 2017 - 11:32 pm

Olá!
Eu também sou muito sensível com esse tema velhice, então adorei poder conferir e conhecer esse livro. O que mais me chamou a atenção foi, de longe, essas ilustrações que estão maravilhosas. Adorei a dica!
Beijos.

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