O mundo de Sofia, filme. Se você acabou de entrar na universidade e fará um curso na área de humanas que inclui Introdução à Filosofia, este texto é para você. Aviso: o texto contém spoilers, é destinado ao leitor que deseja entender melhor do que trata O Mundo de Sofia.
O filme O Mundo de Sofia gira em torno de Sofia, de Alberto Knox, um professor de filosofia, do Major Albert Knag e de Hilde Knag, filha de Albert. Há também personagens secundários: a mãe de Sofia, o pai (um capitão de navio que não aparece, mas é mencionado), sua melhor amiga Jorunn, Georgie (um amigo da escola) e o professor da escola. Além disso, há personagens animais: um cão, que mais tarde descobrimos ser o filósofo Knog; um gato e uma cabra.
No início do filme, Sofia e Jorunn conversam sobre se os pássaros pesam e o que pesam de nós. A partir desse ponto, acompanhamos Sofia em sua busca pelo conhecimento. Às vésperas de completar quinze anos, suas perguntas aumentam. Ela começa a receber bilhetes e cartões postais anônimos que questionam: “quem é ela?” “de onde vem o mundo em que vivemos?” Sofia busca respostas com a mãe, mas não encontra uma resposta que a satisfaça. Na escola, o professor e os amigos também não conseguem entender suas indagações. Uma das questões que Sofia enfrenta é a existência: somos personagens de uma fantasia ou de uma novela?
Sofia descobre que os bilhetes são de um filósofo chamado Alberto Knog, que se tornará seu professor de filosofia. Juntos, eles percorrem o desenvolvimento do pensamento filosófico, desde a Grécia Antiga até a modernidade, passando pela Idade Média, Iluminismo, Revolução Francesa e Revolução Russa.
Aos poucos, vamos descobrindo quem são Alberto, Hilde, Knag e a própria Sofia.
O Mundo de Sofia: personagens como representantes de ideias
Com uma narrativa fragmentada, o filme apresenta os princípios filosóficos em uma viagem pelos períodos da história da humanidade. O primeiro período abordado vai da Grécia Antiga ao período helênico. Por meio de uma redação escolar de Sofia, entendemos como os antigos explicavam o que não compreendiam – a mitologia grega.
Alberto guia Sofia e, consequentemente, nós, na jornada do conhecimento. Em um vídeo enviado a Sofia, ele aparece na Grécia, berço da filosofia, e fala sobre Sócrates, Platão e Aristóteles.
Em seguida, eles exploram a Idade Média, que durou mil anos, um período dominado pela Igreja. Um dos grandes filósofos desse tempo foi Tomás de Aquino, que sustentava que Deus se revelava na Bíblia e na razão. Esse período também foi marcado pela Peste Negra, que devastou a Europa.
“O que renasceu?” pergunta Sofia, e Alberto responde: “Os ideais da Grécia Antiga”.
Entramos na Era do Renascimento. Alberto apresenta a Sofia uma bússola, uma invenção crucial para os exploradores. Durante o Renascimento, os filósofos se dedicaram à ciência. Sofia pergunta novamente: “O que renasceu?” E Alberto reafirma: “Os ideais da Grécia Antiga”. Nesse período, as pessoas retomaram a curiosidade. O enxofre era a substância do momento.
As grandes personalidades do Renascimento incluem Shakespeare, que escreveu dramas como Hamlet e Romeu e Julieta; Nicolau Copérnico, que descobriu que a Terra gira em torno do Sol, algo que levou 300 anos para ser aceito; e Leonardo Da Vinci, um gênio nas artes e ciências, famoso pela Mona Lisa. Michelangelo também se destacou nesse período, assim como Johannes Gutenberg, que inventou a imprensa. Na filosofia, Francis Bacon destacou-se com sua frase: “Conhecimento é poder”.
Alberto Knox também menciona Descartes, que viveu no século XVII e disse: “Penso, logo existo”, defendendo a dúvida como um princípio fundamental. Também conhecemos Georgie Berkeley, bispo anglicano irlandês que acreditava que a fé e a filosofia estavam entrelaçadas, afirmando que a percepção de tempo e espaço existe apenas em nossa mente.
O Mundo de Sofia: Revolução Francesa
Alberto nos guia pela Revolução Francesa. Após a morte de Berkeley, o povo se rebelou contra a realeza e a nobreza em 1789, lutando contra a opressão. O filósofo Rousseau se destacou, defendendo os direitos naturais do homem.
Robespierre, líder da Revolução e admirador de Rousseau, usou a violência contra os opositores, chamando-os de inimigos do povo. Alberto afirma que os filósofos foram mal interpretados e que a violência e o terror substituíram os métodos democráticos.
Olimpia de Gouges criticou a violência de Robespierre e foi guilhotinada em 1793. Ela escreveu “A Declaração dos Direitos das Mulheres”, clamando pela igualdade entre os sexos.
Alberto também menciona outros pensadores, como Emmanuel Kant e Friedrich Nietzsche, que disse: “Deus morreu”. Nietzsche defendia a necessidade de reexaminar todos os valores; Soren Kierkegaard, dinamarquês, também é mencionado.
Entramos na Era do Romantismo, que foca na natureza e no gênio criador do artista. Alberto menciona a ária “Don Giovanni” de Mozart e fala de Goethe, autor de As Tristezas do Jovem Werther, que influenciou toda uma geração, levando até a suicídios.
Hegel introduz o conceito de tese, antítese e síntese, afirmando que nossos pensamentos são dialéticos e surgem de ideias anteriores.
O Mundo de Sofia: Revolução Russa
Alberto também guia Sofia pela Revolução Russa, onde Lênin proclamou: “Pão para o povo, terra para os fazendeiros, paz ao país e poder aos soviéticos.” Conhecemos a dialética de Hegel, que fundamenta o Marxismo e o Manifesto Comunista.
Sofia também participa de uma sessão com Sigmund Freud, precursor da psicanálise, e há referências a Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista. O filme menciona a Teoria do Big Bang, sobre a criação do mundo. Ao longo da história, Sofia descobre que todos em seu mundo são personagens de uma narrativa escrita por Albert Knag para sua filha Hilde.
O mundo de Sofia: elementos de ficção e metanarrativa
Ao perceber que também é uma personagem, Sofia decide que, para sobreviver, precisa fugir da história, junto com Alberto Knox. Eles elaboram um plano que deve ser executado no dia do aniversário de 15 anos de Sofia. Contudo, no “mundo real”, percebem que todos os personagens dos livros são figuras históricas que vivem eternamente, como as ideias de Platão.
A metanarrativa em O Mundo de Sofia, onde a própria protagonista descobre que é uma personagem em uma história maior, é uma técnica menos comum em obras filosóficas clássicas. Isso a aproxima de obras contemporâneas como A Vida de Pi de Yann Martel, que também explora a relação entre ficção e realidade.
Espero que este texto ajude aqueles que estão iniciando na universidade. Eu adoraria ter encontrado algo mais esquematizado quando fiz Introdução à Filosofia.

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