Em novembro, Mês da Consciência Negra, me propus a ler um romance de uma autora negra. Escolhi Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, uma maranhense, publicado em 1859. Sim, 1859. No século XIX, uma mulher negra escreveu um romance com todas as qualidades estéticas do Romantismo.
A importância de Úrsula reside no fato de que a imagem do negro é colocada na perspectiva do escravo. Aqui, o negro tem voz, é humano, sonha, reflete sobre sua condição e mantém sua africanidade e descendência.
Não sei se você lembra das aulas sobre o Romantismo. Uma das características desse período é o nacionalismo, em que o indígena é o herói. Lembra de Iracema e O Guarani, de José de Alencar? O negro, no entanto, não aparecia nas temáticas dessa época.
Então, uma mulher negra foi lá e fez. Ela deu vida a três personagens negros: Túlio, Preta Susana e Antero. Cada um deles representa um aspecto ideológico na denúncia de uma estrutura marcada pelos senhores patriarcais e escravocratas.
Úrsula: voz ancestral
Preta Susana é a voz ancestral, expressando a dor da perda da pátria; a África também está presente no discurso de Antero. Já Túlio representa a bondade e a moral, sendo um negro com sentimentos humanos, inconformado com sua condição de escravo. Até hoje, vemos obras que desumanizam o negro.
Mas Úrsula não traz apenas esses três personagens. Também há personagens brancos, como Tancredo e Úrsula, que formam o par romântico, e o Comendador, um homem perverso que antagoniza Tancredo. O Comendador é o elo que traz infortúnio à vida de todos.
Leiam Úrsula. Só preciso destacar que a linguagem do livro possui todas as características da literatura da época: um estilo mais ornamentado, por assim dizer. Mas, pelo menos para mim, essa estranheza ocorre apenas no início.

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