O Violino de Ébano chamou minha atenção por vários motivos. De início, destaco três: foi escrito por uma mulher, é protagonizado por uma mulher e se passa em Ouro Preto, uma cidade histórica de Minas Gerais, famosa por sua arquitetura barroca, suas ruas íngremes e sinuosas. Você concorda que essa ambientação, por si só, já é um convite à leitura?
Berenice, a personagem principal, divide um apartamento com três amigas, estuda música e é o segundo violino em uma orquestra. Gabriel, o primeiro violino, acaba se tornando seu rival.
Frequentemente, Berenice não consegue se concentrar, errando notas, irritando o maestro e os demais músicos, já que precisam recomeçar sempre que isso acontece. Gabriel é um dos mais irritados, julgando-a sem talento.
A trama ganha ares sobrenaturais quando Berenice recebe um violino de ébano, presente de um homem misterioso e de aparência macabra. A partir desse momento, acontecimentos estranhos e bizarros começam a ocorrer.
Minha opinião sobre O violino de ébano
Este ano me propus a ler mais autoras nacionais de suspense e terror, e a descoberta de Nathalia foi muito positiva. Terminei O Violino de Ébano rapidamente e já estou ansiosa para ler outros contos dela, disponíveis na Amazon.
O conto é curto e a narrativa consegue trabalhar bem o suspense e o sobrenatural. Gosto de histórias que apresentam o mal sem grandes explicações, deixando-o à espreita. Além disso, o conto explora o mal que habita o ser humano, e o leitor é convidado a refletir sobre qual dos dois é o maior.
Em O Violino de Ébano, é exatamente isso que acontece. O final me agradou muito, pois também exige a participação ativa do leitor. Berenice paga um preço alto por seu desejo de se tornar o primeiro violino. A lição? Nunca, nunca aceite presentes de estranhos.
Algo que me causou estranhamento foi a escolha da autora em marcar a linguagem com o sotaque mineiro, inclusive com desvios da norma culta. Destaco essa característica porque há leitores que gostam e outros não. A escrita em sotaque pode reforçar esteriótipo, sugerir preconceito, mas também pode destacar a cultura regional, se for bem feita. Outro ponto é que pode atrapalhar o ritmo da leitura, ao introduzir palavras ou expressões desconhecidas para alguns leitores. Eu, particularmente, gosto muito, como eu disse se for bem trabalhada.
Fiquei pensando se a autora usou essa linguagem propositalmente, como uma forma de resistência. Será?
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