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O Ano das Bruxas || Alexis Henderson | Darkside Books

por Nilda de Souza

O Ano das Bruxas, de Alexis Henderson, Editora Darkside.  Betel é uma cidade isolada, ninguém entra, ninguém sai. Um líder religioso, o Profeta, abusador de mulheres e meninas. Fiéis omissos. Fiéis coniventes. Em nome do poder, há muito tempo a fé foi corrompida. Bruxas com sede de vingança. Uma jovem destinada a ser a punição de todos.

O Ano das Bruxas foi uma leitura muito, muito interessante. Ela traz discussões bem atuais, como fundamentalismo religioso, violência contra a mulher, racismo e preconceito. É uma narrativa numa perspectiva feminista. 

“Não é estranho que ler um livro seja pecado, mas acorrentar uma garota em um tronco e deixá-la para os cães é normal de acordo com a obra do Bom Pai?”
Alexis Henderson

A narrativa é fluida e envolvente. Mesmo sendo mais para o público jovem, essa história traz cenas sombrias, de muita violência. Para quem é sensível, leia com atenção. 

Para mim, o ponto negativo é que em algumas cenas eu não consegui me localizar nas descrições geográficas. Talvez um mapa resolveria. 

Immanuelle é a personagem principal. Uma jovem que não conheceu os pais. O pai foi morto na fogueira e a mãe morreu logo depois do seu nascimento. Ela foi criada pelos avós.

Todos em Betel acreditam que Immanuelle é amaldiçoada devido aos pecados dos pais. 

o ano das bruxas

Do que fala O ano das bruxas?

A jovem tenta ser uma devota obediente às leis do Profeta, mas algo em seu íntimo é essencialmente rebelde. Além disso, ela sente um chamado impossível de resistir. 

Nos arredores de Betel há uma Mata Sombria. Ninguém ousa entrar nela. As pessoas que entram nunca mais retornam. Na floresta habitam 4 bruxas (ou os espíritos dessas bruxas). Elas foram derrotadas pelo primeiro profeta, David Ford. A Mata Sombria chama por Immanuelle. 

Quando a floresta estiver faminta, alimente-a.
Alexis Henderson

Betal é uma cidade opressora, misógina e racista. Todos seguem à risca as leis dos prefeitas. Mas essas leis são todas em benefício dos homens. Por exemplo, eles podem ter quantas esposas quiserem. 

Immanuelle até tenta ser obediente como as outras mulheres, mas ela não deixa de ver as inúmeras incoerências das leis do profeta. Ela percebe os olhares libidinosos do profeta. É impossível não ver o quão é errado meninas serem abusadas e sacrificadas. 

A interação de Immanuelle com Ezra, o filho do profeta, é muito interessante. Immanuelle em momento algum vira a adolescente apaixonada. Ela se mantém segura do que quer. Nem deuses e nem deusas. Ela é dona do seu próprio destino. 

Gostei muito, muito mesmo dessa leitura. O Ano das Bruxas, de Alexis Henderson, leva o leitor a refletir sobre liberdade e poder. A história é ambientada num passado indistinto, mas é inegável a relação íntima com o mundo atual. A DarkSide acertou, trazendo essa história.

 

 

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