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A longa marcha || Stephen King

por Nilda de Souza

A Longa Marcha entrou para o meu top 10 de Stephen King. Não tem como você sair ileso dessa leitura. Ela não é um soco no estômago. São vários socos. Quando você vai se recuperando de um, vem outro e outro. O Richard Bachman de King é cruel. 

A longa marcha é um tipo de marcha reality show, em um EUA distópico, ditatorial. Todos os anos cem jovens disputam a própria vida nesta marcha. 

O mundo da obra não é apresentado com detalhes, no entanto, ao longo da história, vamos descobrindo detalhes chocantes. Há muita crítica social. Por exemplo, as pessoas parecem que perderam a racionalidade, a humanidade. Elas anseiam ver o sofrimento e a morte dos jovens. O tipo de governo não é mais democrático. A economia não anda muito bem. 

A longa marcha

Após passarem por fases seletivas, os cem jovens são colocados para caminhar pelas estradas dos Estados Unidos, numa velocidade mínima que eles precisam manter e não podem parar para absolutamente nada e nem caminhar abaixo dessa velocidade. 

Tudo tem que ser feito caminhando, da alimentação às necessidades fisiológicas, na velocidade mínima. Vence aquele que permanecer vivo até o fim, ou não. 

A narrativa foca no personagem Ray Garraty. É por meio dele que vamos conhecer os demais competidores. Na verdade, seis deles. O leitor tem vislumbres de suas histórias de vida, sonhos e ilusões. 

Garraty é o mais ingênuo de todos. Acho que no fim das contas, conscientemente, nenhum deles têm dimensão do problema em que se meteram. 

Meu choque veio quando percebi que todos eles já haviam desistido muito antes de iniciar a marcha. Por mais que Garraty negasse, ele também já havia desistido da vida. 

— Nós queremos morrer, é esse o motivo por que estamos aqui. Por que outro motivo, Garraty? Por que outro?

A narrativa é muito reflexiva e nos consome, por sua violência e desesperança. Milhares de pessoas assistem e não fazem nada pela vida daqueles jovens. O show rende milhões em apostas. Aí você faz toda uma reflexão desde as batalhas do Coliseu até o BBB. 

A morte é uma coisa maravilhosa para os apetites do homem

Acho que A Longa Marcha não é um drama de sobrevivência

É sobre repassar seus sonhos, traumas e lembranças simples quando você já decidiu que a morte é a única solução. 

Algumas pessoas gostam de ver outras morrerem. Não posso entender isso, você pode? — Não — retrucou Garraty
.

No meio de toda a desesperança da história, torci pela amizade e o amor de Garraty e McVries. Mesmo no fim, os dois desenvolvem uma ligação forte, única. Por causa dos dois, o leitor ainda consegue ver humanidade naquele mundo. 

Amei A longa marcha e também despedacei meu coração. Não é uma leitura recomendável para pessoas com pensamento suicida.

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