Uma canção para a Libélula traz a história de Vanessa, uma pianista prodigo, que desde muito pequena já tocava piano com ninguém. A narrativa inicia com Vanessa em Londres, onde vive com a tia, a quem considera sua mãe. O livro é narrado pela voz da protagonista Vanessa.
Vanessa é uma jovem com uma carreira brilhante, com vários concertos agendados. Além disso, ainda tem um belo namorado e um pedido de casamento.
No entanto, nada disso parece deixar Vanessa feliz. Primeiro porque ela não pensa em casar, não acreditar amores para sempre. Segundo, a vida de artista famosa não lhe agrada nem um pouco. Ela detesta os cumprimentos decorados, os beijos frios, os abraços sem emoção nos coquetéis dos concertos. Vanessa, na verdade, usa uma mascara da felicidade, mas por dentro só quer mesmo ficar as sós com suas partituras.
Aos poucos ficamos sabendo o motivo de Vanessa não morar com a família em São Paulo. Ela tem pai, que a amor muito, um irmão e a mãe, Valéria, que já no inicio do livro percebemos que as duas não se dão nada bem.
Uma ligação do pai faz com que Vanessa voltasse ao Brasil. E aí tudo começa a ficar mais escuro na vida da protagonista. A mãe a recebe com indiferença. E, além disso, acontecem várias cenas desagradáveis que só prejudica mais a relação da mãe e filha.
Uma canção para a Libélula é um livro que desmonta tudo que conhecemos sobre relação de mãe e filha. Ou será que são só estereótipo maternos?
Mas mais do que isso, Uma canção para a Libélula é um livro sobre pessoas que precisam de ajuda profissional. Pessoas corroídas por culpas. O livro traz questões fortes como a depressão e suicídio. Vanessa está doente. A mãe está doente. E acredito que o pai e, até mesmo o irmão estejam doentes.
Juliana Daglio aborda todas essas questões com muito cuidado. A autora vai introduzindo aos pouco, como se fosse mesmo o processo da doença. No inicio, a gente percebe que algo estar errado porque os sonhos da Vanessa nos indica isso. A necessidade de se isolar de Vanessa não é só uma questão de personalidade.
A autora usa os sonhos como metáfora para falar de suicídio, de depressão, sempre no inicio dos parágrafos. E tudo vai se intensificando até chegar ao fundo do poço de toda a família, mas principalmente de Vanessa.
Uma canção para a Libélula é um daqueles livros que nos faz refletir sobre vários aspectos da nossa vida. Na nossa cultura estamos acostumados achar que mães são leoas que estão sempre prontas a defender os filhotes, mas até as leoas adoecem. As leoas também rejeitam os filhotes. Também achamos que carreira profissional é sinônimo de felicidade e nem sempre é assim.
Estou ansiosa para ler Uma canção para a libélula II. Quero muito saber quando acabam os dias cinzentos de Vanessa, pois ela merece dias de sol.
Fiquem com um gostinho da parte II do livro
para a Libélula, parte II
Os anos se passaram, Vanessa vivia em Londres e tinha a vida cercada por seu iminente sucesso como pianista, porém, algo aconteceu, mudando seu destino: Uma doença, uma viagem e um reencontro.
Vanessa precisará encarar fantasmas que sequer lembrava um dia terem assombrado sua vida, tendo de relembrar a morte do irmão e reviver seu conflito com a mãe. E mais importante e mortal, conhecer a grande antagonista de sua vida, a quem chama de Vilã Cinzenta.De Londres a São Paulo, dos Palcos aos Lagos. “Uma canção para a Libélula” é a história de uma alma perdida e de sua busca por quebrar o casulo de sua existência, para só então compreender o sentido da própria vida. Este livro é um profundo mergulho em uma mente nebulosa, permeada por lagos obscuros e pela inusitada morte; não havendo sequer esperanças.