Quando a Editora Melhoramentos entrou em contato comigo para eu resenhar Vango: entre o céu e a terra, eu já havia lido algumas resenhas com críticas positivas sobre o livro, então confesso que estava curiosa para desvendar os mistérios que envolvem a vida de Vango. Sim, sim, Vango é o nome do personagem central desse thriller histórico.
A narrativa inicia com uma cena de ação. O protagonista se encontra no pátio da Catedral de Notre-Dame, onde está ocorrendo uma cerimônia de ordenação de padres, e Vango é um dos seminaristas. Mas a cerimônia é interrompida, pois a polícia chega para prender Vango. A polícia quer prender Vango, mas há outras pessoas que querem Vango morto.
“Vango cresceu na encosta do vulcão extinto. Ali, encontrou tudo o que precisava. Ele cresceu com três babás: a liberdade, a solidão e Mademoiselle. As três se encarregaram de sua educação. Ele recebeu delas tudo o que era possível.” [p. 43]
São muitas as perguntas que terão de ser respondidas ao longo da narrativa: Quem são as pessoas que estão atrás de Vango? Por que querem matá-lo? De onde ele veio? Quem são seus pais?
Depois do ocorrido na igreja, Vango precisa escapar de seus perseguidores, ao mesmo tempo em que busca sua própria identidade, tentando descobrir respostas para os mistérios que envolvem sua vida.
Vango não sabe quem são seus pais, não sabe de onde veio exatamente. Foi criado por uma mulher misteriosa, a quem chamam de Mademoiselle. De certa forma, sempre foi protegido por um homem chamado Mazzetta, com quem nunca trocou uma única palavra.
O que Vango sabe sobre si é que, em uma noite de tempestade, ele e Mademoiselle foram resgatados pelos moradores da ilha Salinas, depois de terem sido jogados pelas ondas na praia.
Vango passou a infância em plena harmonia com a ilha. Era praticamente uma criança selvagem; sempre teve uma grande afinidade com os animais e sempre gostou de viver nas alturas, escalando os topos mais altos. Daí vem sua habilidade em escalar qualquer prédio.
No início da adolescência, a vida de Vango começa a ficar cada vez mais agitada. Ele deixa a ilha, conhece um monge chamado Zéfiro, viaja pelo mundo a bordo do Zeppelin, faz amizade com o comandante, o alemão Hugo Eckener, conhece uma garota chamada Ethel, escala com uma menina chamada Gata e acha que é paranoico, pois há muitos anos tem certeza de que é vigiado de perto.

Assim que iniciei a leitura de Vango: entre o céu e a terra, relacionei a proposta do autor, Timothée de Fombelle, com a proposta do livro O mundo de Sofia. E estou dizendo isso como um elogio.
A obra de Jostein Gaarder é uma aula de introdução à filosofia, percorrendo o desenvolvimento do pensamento filosófico desde a Grécia antiga até a modernidade, passando pela Idade Média, pelo Iluminismo, pela Revolução Francesa e pela Revolução Russa até os tempos modernos.
Já Vango: entre o céu e a terra nos introduz na história de um dos períodos mais conturbados da humanidade, o das duas grandes guerras mundiais. Acho brilhante a ideia de romancear fatos históricos. A possibilidade de colocar personagens reais e fictícios em um mesmo plano é fascinante.
Vango se tornou uma das boas leituras que fiz este ano. Eu realmente gosto de romances históricos. Fiquei feliz em ver que Timothée conseguiu inserir os fatos históricos na trama de forma muito harmônica, com uma fluidez da linguagem que a gente nem percebe as páginas passarem. Comecei até a desejar que Vango tivesse existido e, quem sabe, o rumo da história mundial teria sido outro.
Mas esse é o primeiro volume; muitas questões ainda estão em aberto. Confesso que fiquei ansiando por mais respostas. Agora é aguardar o próximo volume.
Por fim, só vou destacar o capricho na diagramação: os mapas, as imagens, as informações da linha do tempo da vida de Vango e, nas últimas páginas, dados sobre os personagens reais que aparecem na história.

Páginas: 360
Exemplar cedido para resenha