A princípio, Alma Nova pode parecer algo simples, mas à medida que lemos, percebemos todas as verdades que a autora quis transmitir. Jodi Meadows tem uma escrita encantadora e fluida, que nos faz ler página após página sem perceber o tempo passar. A curiosidade sobre o destino de Ana nos impulsiona, conforme as pistas deixadas pela autora vão se revelando. O enredo torna-se mais emocionante e tenso. Vários temas são abordados pela autora, sendo os mais relevantes os mitológicos, religiosos e culturais. A presença de um enredo mitológico é o que nos chama a atenção, com criaturas como dragões e sílfides, vistas como inimigas que representam aspectos externos, além dos muros de Range.
Ana sempre foi uma garota diferente. Sua mãe, Li, deixava claro os limites do que ela precisava saber. A garota nunca iria esquecer a sua condição, e Li fazia questão de lembrar que ela era uma sem alma, que habitava um mundo de almas antigas que não permitiriam que algo novo, como Ana, tomasse seu lugar. Li tratava a filha como uma selvagem, vendo-a como um castigo, acreditando que em breve algo ruim aconteceria, e, por causa disso, todos deveriam evitar chegar perto dela.
O que é uma alma senão uma consciência que nasce e renasce?
Ana é maltratada física e psicologicamente desde pequena. Por causa desse ódio, ela está decidida a buscar respostas sobre o “erro” de seu nascimento. Respostas que a façam lembrar que ela não é apenas uma sem alma, mas algo novo que o mundo precisa.
“- Por que você pensa tanto sobre o passado? Dei de ombros. – Porque eu não estava nele.”
Na sua busca desesperada, Ana foge e segue pela floresta, onde é atacada por sílfides. Uma decisão que poderia tê-la matado se Sam não estivesse observando os feitos da garota. Seu salvador a ajuda para que nada aconteça. Com muito medo, Ana não tem outra alternativa senão ir com ele. Como alguém poderia salvar Ana sabendo de sua condição? A garota desconfia das intenções de Sam, e seu primeiro pensamento é encontrar um jeito de fugir dele. E se ele fosse como Li, que a maltratou a vida toda? Será que existem pessoas boas? Ana é tomada por uma insegurança que vai diminuindo à medida que Sam demonstra seu caráter e suas intenções.
Alma nova: a busca por respostas
Ana passa a confiar cada vez mais em Sam e permite-se ser guiada para o seu destino, Range. A cidade onde todas as pessoas têm respostas, onde vivem as almas mais antigas, o lugar de nascimento de Ana. Eles só não imaginavam que, ao chegar lá, teriam tantos problemas. Ela passa a ficar sob a guarda de Sam, sujeita a rígidas regras impostas pelo conselho. A partir daí, a garota é vista como uma intrusa; todo o povo de Range quer vê-la bem longe do lugar que eles chamam de lar.
Ana agora tem a dura tarefa de aprender tudo o que Li, sua mãe, lhe privou. Além disso, ela não quer deixar de lado as respostas que procurou a vida inteira. Qual o motivo de ser uma alma nova? Por que seu destino não poderia ser comum? Sam tem realmente boas intenções para com ela? Por que as pessoas não poderiam simplesmente deixá-la viver?
“Cem ou mil anos depois da minha morte, alguém poderia tocar a minha valsa, até mesmo Li, que sempre se ressentira com a minha presença, e eles se lembrariam de mim. Graças a Sam, eu era Imortal.”
Algo curioso de Alma nova é que o enredo se desenrola em meio às mudanças tecnológicas de um povo milenar. A mistura de uma cidade medieval com armas e dispositivos de locomoção reflete a sabedoria do povo de Range, que, vida após vida, se aperfeiçoa, mas que, ao mesmo tempo, está preso a costumes religiosos tão antiquados que impedem pessoas como Ana de serem estudadas. Ela é vista como algo anormal e não como um castigo.
A autora consegue fazer com que suas personagens enfrentem diversos dilemas, possibilitando que os leitores reflitam sobre certas questões. Ana, logo no início, já se vê em uma encruzilhada sobre seu destino incerto: se ela ficar com Li, por mais tempo, poderia morrer; se buscar respostas sobre seu destino, talvez não encontre. Mesmo assim, ela prefere seguir em frente, enfrentando todos os desafios.
O mais relevante na personagem é sua necessidade de entender os motivos que a levaram a ser uma alma nova. Sam, uma alma antiga, ajuda a garota e ensina sobre diversas coisas. A influência de Ana em sua vida torna-se tão significativa que ele começa a questionar os preceitos de sua comunidade, sua sabedoria e seu próprio povo. Ao mesmo tempo, Ana descobre com ele sentimentos nunca antes sentidos: amizade, segurança, companheirismo, uma linda amizade e até mesmo o amor.
O amor entre Sam e Ana é tão delicado que percebemos que ele não foi criado para suprir as exigências do enredo, mas sim para mostrar como uma alma tão antiga pode aprender com o novo. Sobre a diagramação, expresso com uma palavra: perfeição. A capa holográfica nos deixa em transe e encanta os olhos. A Editora Valentina está de parabéns pela diagramação, pois não houve nenhum erro.
Alma nova tem um enredo perfeito do início ao fim; terminamos o primeiro volume querendo mais, ansiando pela continuação. Recomendo a leitura para aqueles que curtem enredos mitológicos e fantasiosos, envoltos em uma linha espírita que trata sobre reencarnação de um jeito diferente.
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