Resenha | Escolhas | Cristina Valori

Fabiana se casou muito jovem e teve três lindos filhos. Com uma vida estável e digna de um “felizes para sempre”, ela jamais pensou que teria que fazer duras escolhas. Onze anos de casada eram suficientes para saber que amava e idolatrava o seu marido. Nunca houve um momento em que se arrependesse.

Tudo muda quando ela vai com alguns amigos a um estúdio de tatuagem. Seu marido não gostava desse tipo de coisa, mas nunca impediu sua mulher de fazer o que gosta. Afinal, ela era independente. Tinha um bom emprego, viviam bem e tinham filhos maravilhosos. No estúdio, após algum tempo, o tatuador anuncia que não será possível fazer sua tatuagem.

Nada satisfeita com a perda de tempo, Fabiana questiona se não haveria outra pessoa que pudesse fazer a sua tatuagem. No mesmo dia, Fabiana vai até o estúdio de Gustavo. Ele não fez muito esforço; ela apenas escutou a voz dele e sentiu um arrepio subir pelo corpo. Como podia sentir aquilo? Em quase onze anos de casada, ela nunca conseguiu sentir o mesmo pelo seu marido.

“Mas, infelizmente ou felizmente, a vida dá voltas e coloca obstáculos que cabe a nós enfrentar ou desviar. Será que, durante o meu caminho, me desviei ou optei pelo errado? Hoje, depois de tanto tempo, tenho certeza de que fiz a escolha certa…”

Os olhares dos dois se encontraram, e ela teve a certeza de que queria voltar. Sim! Ela voltaria com a desculpa de terminar a tatuagem. Ele fez questão de remarcar todos os seus horários para que Fabiana fosse apenas dele (se é que você me entende…).

Retornando no dia previsto, Fabiana está aflita e quer fazer várias perguntas. A primeira delas era se ele era casado e tinha filhos. Ora, por que ela desejava perguntar aquilo?! A mesma coisa passou pela cabeça de Gustavo. A conversa entre os dois foi o suficiente para aumentar aquela sensação de amor à primeira vista que a mulher tanto temia.

Não! Fabiana não podia fazer aquilo com a família dela (esse foi o meu primeiro pensamento). Como pode amar alguém em um dia e, no outro, apaixonar-se por outra pessoa? Será que era paixão? Valeria a pena largar sua estabilidade pelo desconhecido?

Nos relatos de Fabiana, percebemos o sufoco que ela passa até chegar à difícil decisão. Foram diversas escolhas que teve que tomar, sempre com o pensamento de não ferir ninguém. Mas é quase impossível não ferir quando se ama. Por mais que tivesse três filhos e um marido, ela não poderia deixar de pensar na própria felicidade. Será que isso é ser egoísta?

“Todos sabem que vivemos em um mundo onde dão nomes ruins a coisas belas. Todos sabem que vivemos em um mundo onde não damos a que é belo uma segunda chance…” — Marillion, Beautiful (Playlist de Escolha)

Escolhas, Cristina Valori conseguiu arrancar risos e lágrimas com a dura decisão de abandonar ou não este novo amor. Eu não queria estar na pele de Fabiana, mas acredito que há muitas como ela pelo mundo afora, tomando decisões desse tipo. Não está longe da nossa realidade!

Algo interessante no enredo é que podemos também conhecer Gustavo e o marido da Fabiana através de relatos. As diversas opiniões ajudam a compreender a escolha final, aquela que ela seguiu. E o final é surpreendente!

A cada capítulo, somos presenteados com a letra de uma música. Isso me fez sentir ainda mais próxima de Fabiana e entender seu sentimento. A música reflete nosso estado de espírito, e a autora falou alto!

A capa e a diagramação estão belíssimas, e a qualidade da revisão é das melhores. O kit e os mimos que vieram me deixaram ainda mais entusiasmada pela leitura. Ah, antes que eu me esqueça, a escrita da Cris possui uma leveza que nos faz terminar rapidamente os capítulos. E a forma como ela escreve é como se estivéssemos dialogando com os personagens.

A recomendação de Escolhas é para os leitores dispostos a refletir e questionar a si mesmos. Saber que nenhum de nós está longe de tomar difíceis decisões.

“Você nunca vai me esquecer. Sabe como sei? Porque todas as vezes que olhar para a sua tatuagem, vai lembrar-se de mim. Eu te marquei para o resto da sua vida e da minha.”