Ler Os Viajantes e outras narrações breves foi uma experiência, como posso dizer, curiosa, no mínimo. Não é um daqueles livros com narrativas fechadas, com início, meio e fim, por isso ele exige mais do leitor. Como o título indica, trata-se de textos breves, divididos em quatro partes.
Na primeira parte, denominada Os Viajantes, fala sobre a vida fora da Terra, a parte mais interessante, pelo menos para mim. Viagens espaciais, alienígenas e novos planetas trazem muito da ficção científica que me deixou bem empolgada. Mas não é só isso. Essa seção me instigou a ler Jorge Luis Borges, especialmente os contos A Biblioteca de Babel e O Aleph. O primeiro aborda a frustração humana na busca pelo conhecimento, enquanto o segundo discute a questão do universo, do múltiplo e do uno. Essas questões são superinteressantes para quem gosta de ficção científica, e a primeira parte de Os Viajantes dialoga com Borges.
Para aqueles que sempre acharam que a única experiência que importava era encontrar vida inteligente e poder interagir com ela, o destino reservava talvez a maior de todas as peças. A espaçonave Indagator desceu num aeroporto como outro qualquer. E os cosmonautas se depararam com outra mesmíssima Terra.
Os viajantes: busca do conhecimento
A segunda parte, Outras Estrelas, adota um tom mais intimista. Há uma voz que revela sentimentos de dúvida e indecisão, discutindo ainda questões do processo de escrita e dos reality shows.
A minha dúvida, um turbilhão de emoções confusas, e que nenhuma explosão poderá simplesmente e a seu modo sustar, acaba fazendo o permanecer em suspenso, sem chão.
Na terceira parte, denominada As Voltas, encontramos uma reescrita do início do primeiro parágrafo de A Metamorfose, a obra mais conhecida de Kafka. Essa seção é bem interessante e, assim como na obra original, aborda temas atuais, característicos da sociedade contemporânea, como a crise existencial, a desesperança do ser, o pessimismo, a ausência de resposta, a solidão e a fuga.
Certa manhã, k acordou e viu que tinha sido transformado num imenso humano.
Por fim, a quarta parte, Cenas Circenses, tem um circo como cenário. Essa foi a parte que menos gostei; não consegui me conectar com ela, por isso dei três estrelas (é bom, mas…).
Talvez em outro momento eu consiga extrair mais desse livro. Por ser um intricado de ideias, reflexões e referências, é uma obra que desafia o leitor, como já mencionei. Se você está à procura de uma leitura diferente, recomendo Os Viajantes e outras narrações breves, e você poderá tirar suas próprias conclusões.
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