A terceira vida de Grange Copeland, Alice Walker, José Olympio, Grupo Editorial Record. Que história dolorosa e potente. Tive que parar várias vezes.
É também uma história tão necessária para gente entender várias questões de como se configurou a base do racismo nos EUA e, ao mesmo tempo, nos permite refletir sobre questões do racismo e da violência na nossa sociedade.
Essa história vai reverberar para sempre em mim. Os sentimentos foram do horror à compaixão. Uma das melhores leituras do ano.
Em A terceira vida de Grange Copeland acompanhamos três gerações dos Copeland, uma família negra do Sul dos Estados Unidos. Grange, o patriarca, planta algodão, e vê todas as suas forças ruírem ao trabalhar de sol a sol, e o que ganha nunca é o suficiente para pagar o patrão, para não dizer seu dono branco.
Na teoria não havia mais escravização. Na prática, os negros viviam em cativeiro, com salários baixíssimos, sem acesso à moradia digna ou sistema de saúde.
A terceira vida de Grange Copeland uma história que dilacerou meu coração
Ele, a mulher e o filho Brownfield vivem imersos numa estrutura racista, de trabalho escravo, de muita violência e de pobreza absoluta. Grange acaba fugindo para o Norte, na esperança de encontrar um mundo mais acolhedor para o negro, abandonando mulher, filho e amante.
Brownfield era só um garoto quando o pai foi embora e, para sobreviver, fez o que podia. Sempre odiou o pai pela falta de amor e por toda a violência contra ele e a mãe. Mas, à medida que os anos vão passando, Brownfield repete o mesmo ciclo de trabalho escravo e violência o qual o pai viveu.
Essa parte foi muito difícil de ler, quando o foco estava na vida Brownfield. O início da família, a esposa Mem, as crianças e o fim trágico. A volta de Grange e a tentativa de acerto de contas com o passado e a esperança de que a terceira geração dos Copelands quebre o ciclo.
Leia sobre racismo em O que é lugar de fala?
A terceira vida de Grange Copeland fala de violência — racial, social, familiar, contra a mulher. Mas é também sobre não perder a alma, por mais dura que seja a vida. É sobre não deixar escravizar a alma.
Foi difícil ler as cenas de violência. Mas também foi acalentador acompanhar todo o amor do avô Grange pela neta Ruth. As conversas dos dois cheias de ensinamentos e reflexões sobre a sociedade e o povo negro. Como não odiar os brancos numa sociedade daquela?
Se interessou pela obra? O Blog é integrante do programa de associados da Amazon. Comprando através do link, eu ganho uma pequena comissão e você ainda ajuda a manter o site no ar, além de ganhar minha eterna gratidão por apoiar meu trabalho.
1 comente
[…] a resenha de A terceira vida de Grange Copeland, Alice Walker, José Olympio, Grupo Editorial […]