Desde que a Editora Darkside publicou Sexta-Feira 13: arquivos de Crystal Lake, fiquei flertando, flertando, até que resolvi me entregar a uma relação intensa. E estou muito feliz. Apaixonada. Este é um post com muitas fotos. Vocês têm que sentir a capa desse livro. É perfeita. Cada detalhe do livro: a lombada, a diagramação, o papel, as imagens. Tudo é perfeito!
De onde vem meu amor por Sexta-Feira 13? Um filme slasher, um gênero menor. E quem disse que a vida é feita só de filmes cults? Meu primeiro contato com o filme foi quando eu tinha uns onze, doze anos. Eu sempre tive um lado dark dentro de mim. Sexta-Feira 13 me aterrorizou, mas também me fascinou. A cena do Jason saindo do lago me fez pular de medo.
Hoje, o filme já não me causa as mesmas sensações: terror, medo. Mas tem o potencial de me levar de volta àquela época, quando uma menina se encantou com essa parte do mundo do cinema, com todos os seus truques sanguinolentos. Ah, o cinema é tão mágico quanto os livros.
Para quem ainda não sabe do que estou falando, Sexta-Feira 13 (1980) é um filme sobre um grupo de jovens aspirantes a monitores de um acampamento de verão, chamado Crystal Lake. Vinte e quatro horas depois, todos morrem, um a um (resumo básico).

Mas vamos falar do livro Sexta-Feira 13: arquivos de Crystal Lake. Essa edição tem capa dura, perfeita. O livro oferece uma visão dos bastidores do filme. Não, melhor dizendo: é uma biografia do filme. David Grove, o autor do livro, fez entrevistas com todas (ou quase todas) as pessoas que participaram do filme, desde atores, diretores até maquiadores.
Em Sexta-Feira 13: arquivos de Crystal Lake, o leitor encontrará relatos sobre o planejamento, a execução, a filmagem e o legado do filme.

O livro é dividido em 11 capítulos e uma seção de extras, que traz a filmografia do elenco, além de muitas imagens. O prefácio foi escrito por Tom Savini, o profissional responsável pela maquiagem e efeitos especiais do filme. Savini, ao longo do livro, recebe muitos elogios. Parece realmente que o sucesso do filme deve-se muito ao trabalho desse profissional, que trabalhou em vários filmes sanguinolentos.
Como já mencionei, o livro traz entrevistas, ou melhor, as recordações dos envolvidos com o filme. Eles vão contando suas versões. Ficamos sabendo como foi a escolha do título, que veio antes do roteiro; como foi a escolha do local para a filmagem; e como foi a seleção do elenco. Foram quatro semanas de filmagens no acampamento chamado No-Be-Bo-Sco, em Blairstown, Nova Jersey.

Dentre todos os envolvidos com o filme, quem mais fala é Sean Cunningham, o que é o esperado, já que a obra é dele. Já Kevin Bacon, o único ator do elenco que conseguiu ter uma carreira de sucesso, aparece muito pouco no livro.
As curiosidades sobre a criação do filme que mais me chamaram a atenção:
A inspiração do filme vem do livro E Não Sobrou Nenhum, de Agatha Christie, que tem como premissa colocar um grupo de pessoas em um local isolado e depois matá-las uma a uma.
Essa fórmula de isolar e matar já havia sido usada no filme Halloween (1978), por isso há quem compare os dois filmes. Outra coisa interessante é a referência ao filme Psicose, que traz uma mulher como vilã e a famosa cena do chuveiro.
Ainda é possível encontrar, em Sexta-Feira 13, referências a outros filmes de terror, como A Mansão dos Mortos (1971), filme italiano dirigido por Mario Bava, embora Sean Cunningham negue.
Como um gênero menor e com inspiração em estilos já consagrados, não é de se estranhar que Sexta-Feira 13 tenha recebido críticas mordazes.
Essas críticas também estão no livro. Uma delas é do crítico Tim Lucas, que diz: “Eu não vejo Sexta-Feira 13 como um fracasso em reproduzir os efeitos estilísticos de Bava, mas como um fracasso em fazer algo original. Quando olho para trás na minha própria vida de crítico, vejo Tubarão (Jaws, 1975) como o filme de terror que mudou Hollywood, e Sexta-Feira 13 como o filme que mudou o horror – ambos para pior.”
Eu poderia continuar aqui falando de vários aspectos do livro, como, por exemplo, a relação entre os atores, os membros da equipe, as festas, as drogas, as dificuldades do diretor em encontrar uma atriz para interpretar a Sra. Voorhees, e as dificuldades para encontrar investidores. Mas eu iria tirar do leitor a parte mais interessante do livro, e fora que o post ficaria enorme.
A única crítica que tenho é em relação à estrutura formal que David Grove optou para Sexta-Feira 13: arquivos de Crystal Lake . Explico: o livro traz versões de um mesmo fato contadas por até três pessoas, e isso deixou a leitura um pouco cansativa, pois há repetições. Às vezes, um fato relatado no primeiro capítulo é repetido no terceiro.


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